Na filosofia grega da Antiguidade, o discurso sobre as virtudes constitui a questão fundamental de toda ética: o leitor do tratado 19, pode portanto naturalmente esperar abordar aqui um tratado de caráter ético. E é efetivamente o caso. Mas a ética de Plotino tem algo de desconcertante para o leitor de nossos dias: a única atividade ética que Plotino admite nada mais é que a busca contínua pela alma da união com o divino. Eis porque nem em seu aspecto teórico, nem mesmo sobre o plano prático não se trata de uma ética voltada para a relação do eu com o outro. No mais, constata-se muito rapidamente lendo Plotino que, à diferença disto que descobre frequentemente o leitor dos tratados éticos de Aristóteles, o tratamento das questões éticas não tem por assim dizer nada de descritivo: a ética é indissociável da dialética (ver Tratado-20), por um lado, e da estrutura metafísica do mundo plotiniano, por outro lado. É pela virtude que se manifesta toda a excelência cuja alma é capaz: deve-se portanto partir do que fundamentalmente caracteriza esta, quer se trate da alma do universo quer das almas individuais. Ora, a alma é uma realidade que Plotino ele mesmo diz “anfíbia”, quer dizer ao mesmo tempo voltada para as realidade do Alto (e portanto para o Intelecto, onde ela encontra sua origem) e para o mundo de Baixo (o mundo sensível, as coisas corporais, que ela anima e da qual cuida). Para Plotino, a virtude consiste na atividade da alma que chega a se destacar do que é corporal para se voltar para o mundo do Intelecto, até aí se encontrar absorvida e se identificar plenamente a ele. Pode-se dizer que todo este tratado consiste em afirmar o caráter intelectual da alma e a tirar as consequências desta afirmação. (BPPT)
A seguir versões em inglês, francês e espanhol do tratado. Para uma apresentação mais detalhada do tratado, por parágrafo ou capítulo, com comentários visite Eneada-I-2.
- Tratado 19,3 (I, 2, 3) — As virtudes são purificações (Thomas Taylor)
- Tratado 19,3 (I, 2, 3) — As virtudes, sob sua forma mais alta, são purificações (Guthrie)
- Tratado 19,3 (I, 2, 3) — Virtudes são purificações (MacKenna)
- Tratado 19,4 (I, 2, 4) — Efeito da purificação (MacKenna)
- Tratado 19,4 (I, 2, 4) — O efeito da purificação (Bouillet)
- Tratado 19,4 (I, 2, 4) — O efeito da purificação (Guthrie)
- Tratado 19,4 (I, 2, 4) — O efeito da purificação (Thomas Taylor)
- Tratado 19,5 (I, 2, 5) — A alma que se separa do corpo (MacKenna)
- Tratado 19,5 (I, 2, 5) — O estado da alma a se separar do corpo (Thomas Taylor)
- Tratado 19,5 (I, 2, 5) — O estado da alma a se separar do corpo. (Bouillet)
- Tratado 19,5 (I, 2, 5) — O estado da alma que empreende de se separar do corpo. (Guthrie)
- Tratado 19,6 (I, 2, 6) — As virtudes da alma purificada. (Bouillet)
- Tratado 19,6 (I, 2, 6) — As virtudes da alma purificada. (Guthrie)
- Tratado 19,6 (I, 2, 6) — As virtudes da alma purificada. (Thomas Taylor)
- Tratado 19,6 (I, 2, 6) — Virtudes da alma purificada (MacKenna)
- Tratado 19,7 (I, 2, 7) — Implicação mútua da virtude (MacKenna)
- Tratado 19,7 (I, 2, 7) — Implicação mútua das virtudes. (Bouillet)
- Tratado 19,7 (I, 2, 7) — Implicação mútua das virtudes. (Guthrie)
- Tratado 19,7 (I, 2, 7) — Implicação mútua das virtudes. (Thomas Taylor)