Dada a distinção de Plotino entre alma e corpo, pode-se questionar porque a alma, se é tão diferente do corpo, encontra-se ele mesmo em um corpo, e de fato como a alma poderia jamais estar presente em um corpo.
Os Tratados 22 e 23, demonstram como Plotino tentou responder a Porfírio sobre esta questão. A formulação do problema dada no primeiro capítulo é: a distinção entre a alma e corpo significa que o uno possui uma natureza muito diferente daquela do outro. O corpo é composto, feito em última instância dos quatro elementos (fogo, ar, água e terra), que eles mesmos são constituídos de forma e matéria. Como composto, o corpo tende por natureza em direção a desintegração. É caracterizado além do mais pela posse de tamanho, massa, e é amarrado ao lugar de modo que não pode estar em diferentes lugares sem ser disperso, diferentes partes ocupando diferentes lugares. A alma, por outro lado, é não-composta, não sujeita à desintegração, e, como incorporal, não tem tamanho ou massa. Nem é localizada, ou amarrada a lugar, como o corpo é. Mas se dizemos, com Plotino, que a alma é presente no corpo, como poderia tal presença ser possível? Se a alma é presente em toda parte no corpo de tal maneira que está espalhada por diferentes partes e lugares no corpo, não deve isto dividir a alma? E se a alma deve permanecer una, como poderia ela preservar esta unidade e no entanto estar presente ao mesmo tempo como um todo em diferentes lugares no corpo? A distinção de Plotino entre alma e corpo é tão forte que ela se torna difícil de ver como eles poderiam jamais estar relacionados um com o outro, sem contar sua insistência que a alma faz o corpo em termos de tudo que ele é.