asômata = incorpóreo, incorporal
Foram os antigos estoicos que construíram ao redor deste termo uma verdadeira teoria filosófica dos incorporais (asômata). Antes deles, Platão utilizou o termo seja para caracterizar os Inteligíveis (Sofista 246b) ou as realidades mais belas e grandiosas (Político 286b), seja para designar a harmonia e o ordenamento entre as diversas partes do corpo (Fédon 85e; Filebo 64b). [Notions philosophiques]
asómaton (tó) / asomaton (to): incorpóreo. Empregado habitualmente no plural: to asomata. Latim: incorporalia.
Ser desprovido de corpo. Neutro substantivado do adjetivo asómatos. De soma, corpo, como o prefixo a / á, que significa negação.
O termo, pouco empregado, é vago e pode receber significados diversos: Essências (eíde), alma, ou simplesmente realidades indeterminadas.
Aécio escreve (I, XI, 3): “Pitágoras ensina que as causas primeiras são incorpóreas.” O mesmo é declarado por Estobeu (Ed., I, XIII, 1). Platão diz: “Os seres incorpóreos são os mais belos e grandiosos” (Política, 286a). E em outro lugar nota que a harmonia da alma é invisível e incorpórea (Fédon, 85e). Em sua Carta a Heródoto, Epicuro ataca aqueles que concebem a existência de incorpóreos (D.L., X, 67, 69, 70). A mesma reação se observa em Pirro e nos céticos (D.L., IX, 98-99). Plotino emprega a palavra de modo mais amplo e dedica até um livro à impassibilidade das realidades incorpóreas (III,VI). Diz ele (IV, II, 1): “A alma não é um corpo, ela não é, entre os incorpóreos, nem a harmonia, nem a enteléquia (entelékheia) de um corpo.” Hermes Trismegisto, por sua vez, deduz que o lugar onde se movem os corpos é necessariamente um incorpóreo (II B, 3-4). [Gobry]