autos

autós / autos: si mesmo, em si, próprio. Reflexivo: hautós / hautos.

Gramaticalmente, autos significa ao mesmo tempo eu mesmo, si mesmo, a própria coisa, próprio (latim: ipse); o mesmo, a mesma coisa: tò autó / to auto (neutro) (latim: idem). Platão o emprega em sentido de substância: o em-si; Aristóteles, no sentido de idêntico: o mesmo que si.

Dos pontos de vista lógico e metafísico, autos tem parentesco com hómoios / homoios: semelhante.

Opõe-se a:

– o outro: héteros / heteros

– um outro: állos / allos

– diferente: diáphoros / diaphoros

– oposto: antikeímenos / antikeimenos

– contrário: enantíos / enantios

– dissemelhante: anómoios / anomoios

Expressão: kath’hautó / kath’hauto: por si; que se dá a si mesmo existência (o a se latino, e não o per se ou in se = substância, aquilo que existe de si mesmo, e não por seus acidentes).

Platão emprega autos para qualificar a Essência (eidos); mesmo significa aí o absoluto, tal como se diz: “ele é a bondade mesma”. É assim que ele menciona as Essências matemáticas: o Igual em si: auto tò íson / auto to ison (Fédon, 74a), a Grandeza em si: auto tò mégethos / auto to megethos (ibid., 102d), os Números em si: autoí oi arithmoí (Rep., VI, 525d); mas também o Justo em si: díkaion auto (Fédon, 65d), o Bem em si (ibid., 76d), a Verdade em si: autè he alétheia (Rep., VII, 526b), e sobretudo a Beleza em si: auto tò kalón (Rep.,V, 476b: Crátilo, 439c; Banquete, 21 le; etc). Em Sofista (254d-258c), ele expõe a teoria do não-ser como alteridade, opondo o Mesmo (tautón, contração de tò autón) e o Outro (tháteron, contração de tò heteron).

Aristóteles empenha-se em confrontar o Mesmo a todos os seus opostos, mas também em distinguir o Mesmo segundo a essência (kath’hautó); e o Mesmo segundo o acidente (katà symbebekós) (Met., A, 9-10). No tratado Das categorias (X-XI), ele trata sucessivamente dos opostos e dos contrários. (Gobry)


Designando um ser como o mesmo a linguagem corrente significa que ele é idêntico a isto que designava uma outra expressão. A filosofia tradicional herdou dos gregos a ideia que a mesmidade ou a identidade de si a si (A = A) é um princípio constitutivo da realidade ontológica. Este princípio funciona em relação a um princípio de alteridade e de diferença (A ­diferente de B). Se opõem todos os dois na expressão “o mesmo e o outro”. (Notions philosophiques)

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