elenchos

A palavra “elenchos” (elenchos) não é usada terminologicamente em Platão. Significa “perguntar” (erôtan), investigar (zêtein), testar (exetazein) (Daux 1942; Lesher 1984; Furley 1989b). Apenas em Grote (1973,1, p. 374) a palavra se torna designação terminológica para o procedimento socrático do exame das OPINIÕES. O elenchos designa o procedimento socrático (Dalfen 2004, p. 277) de testar e refutar opiniões mediante perguntas. Pode-se constatar ligações desse procedimento com os costumes (Erler 1986), mas principalmente com o sistema judicial (Dorion 1990). No contexto forense, a elênctica designa o processo de testar e refutar a parte contrária no diálogo, muitas vezes com a convocação de testemunhas (Lísias, Orationes 12, 24 s.; cf. Apol. 24c ss.). Também encontramos um procedimento correspondente no contexto sofista (cf. Dionisodoro e Eutidemo no Eutidemo de Platão [272a-b]). Aqui, como diante do tribunal, o elenchos serve menos para a busca da verdade (Górg. 471e) do que para obter uma vitória.

O elenchos é um jogo de pergunta e resposta (comparação com o jogo de tabuleiro, cf. Rep. 487b-c), cujo caráter originalmente agonístico (Rep. 539b) é orientado por conteúdos em Sócrates e Platão. As partes “elêncticas” encontram-se nos diálogos iniciais, sobretudo aporéticos como Ion, Hípias menor, Laques, Cármides, Eutífron, Protágoras, Górgias, Mênon, mas também em diversas passagens dos diálogos intermediários (por exemplo, o exame de Agatão por Sócrates) e tardios (Kahn 1996, p. 249). Apesar de algumas semelhanças, a elênctica filosófica de Sócrates é diferente da forense (Górg. 471e-472c), pois para Sócrates a elênctica torna-se componente essencial de sua missão divina de testar pretensões de saber (Apol. 20e-21e). O elenchos socrático deve servir para demonstrar a incoerência das posições defendidas por seus interlocutores (Benson 2000). No entanto, esse efeito catártico do elenchos é com frequência considerado pura polêmica (cf., por exemplo, Cárm. 166c-d; Eutíf. 7a). Mas o elenchos socrático serve para a terapia da alma, na medida em que ajuda a libertar das ilusões e preparar para a recepção da VERDADE. Certamente, o resultado do discurso elênctico parece ser sempre negativo, e de fato o elenchos não pode provar a exatidão geral de uma tese. No entanto, vários exames (Teet. 148e; Mên. 85c-d) podem mostrar que uma tese é especialmente “resistente à refutação” (Stemmer 1992, p. 142 s.) (Rep. 534e ss.), de modo que é vista como momentaneamente válida, como, por exemplo, a tese de Sócrates sobre a involuntariedade da ação injusta (Górg. 527b). É controversa a tese segundo a qual faz parte do elenchos que os interlocutores acreditem no que digam (Vlastos 1983; discussão em Benson 2000; Gill 2004). [SCHÄFER]