Enéada I,1,7 — A constituição da parelha — O “Nós”e o animal.

7. A verdade jaz na Consideração que a Parelha subsiste em virtude da presença da Alma.

Isto, entretanto, não quer dizer que a Alma se dá como é em si mesma para formar seja a Parelha ou o corpo.

Não; do corpo organizado e algo mais, digamos uma luz, que a Alma provê de si mesma, forma um Princípio distinto, o Animado; e neste Princípio estão investidas a Percepção-dos-Sentidos e todas as outras experiências consideradas pertencentes ao Animado.

Mas e “Nós”? Como Nós temos Percepções-dos-Sentidos?

Pelo fato que nós não estamos separados do Animado assim constituído, mesmo embora certamente outros e mais nobres elementos componham a multi-facetada natureza integral do Homem.

A faculdade de percepção na Alma não pode agir pela apreensão imediata de objetos sensíveis, mas apenas pelo discernimento de impressões impressas no Animado pela sensação: estas impressões já são Inteligíveis enquanto a sensação exterior é um mero fantasma da outra (daquela na Alma) que está mais próxima da Existência-Autêntica como sendo a leitura impassível de Formas-Ideais.

E por meio destas Formas-Ideais, pelas quais a Alma maneja um senhorio singular sobre o Animado, temos a Razão-Discursiva, o Conhecimento-dos-Sentidos e a Intelecção. A partir deste momento temos peculiarmente o Nós: antes disto havia somente o “Nosso”; mas neste estágio se coloca o NÓS (o Princípio-Humano autêntico) presidindo por cima o Animado.

Não há razão porque a entidade composta em sua integridade não devesse ser descrita como o Animado ou o Ser-Vivo – misturado em uma fase mais baixa, mas acima isto aponta o início do homem verdadeiro, distinto de tudo que é afim do leão, tudo que é da ordem do múltiplo bruto. E posto que O Homem, assim compreendido, é essencialmente o associado da Alma razoável, em nosso raciocínio é este “Nós” que raciocina, no sentido que o uso e o ato de raciocinar é um característico Ato da Alma.