gr. εὐδαιμονία, eudaimonía: felicidade. A felicidade é o objetivo da sabedoria. O sábio é então eudaímon: feliz. Os pitagóricos, sob a influência da religião órfica, somam ao saber a felicidade pessoal; depois, Sócrates condena a curiosidade objetiva para substituí-la pela preocupação com a interioridade. Os dois autores que estabelecem os grandes sistemas de filosofia, Platão e Aristóteles, são herdeiros das duas correntes e têm em mira a metafísica e a moral, juntas. [Gobry]
Le titre du traité, Sur le bonheur (Perì eudaimonías), est identique dans les manuscrits et dans la Vie de Plotin (6, 5 et 24, 24) de Porphyre. Mais il faut remarquer que ce même titre, Sur le bonheur, est également attribué, selon certains manuscrits, au traité 54 dans la présentation de l’ordre chronologique des traités que propose Porphyre (Vie de Plotin 6, 24), alors que, selon la liste systématique, il est appelé Sur le souverain bien et les autres biens (Vie de Plotin 24, 30). Le témoignage de Porphyre indique en outre que le traité 46 est le premier d’un ensemble de cinq que Plotin, qui est alors malade en Campanie, fait parvenir à Porphyre en Sicile lors de la première année du règne de Claude, soit en 269. [->art5450]
Arendt
A imprevisibilidade do resultado está intimamente relacionada ao caráter revelador da ação e do discurso, nos quais alguém revela seu si-mesmo sem jamais se conhecer ou ser capaz de calcular de antemão a quem revela. O velho ditado de que ninguém pode ser considerado eudaimon antes de morrer talvez dê uma indicação do assunto em questão, se formos capazes de ouvir seu significado original após 2.500 anos de trivializante repetição; nem mesmo a tradução latina, proverbial e corriqueira já em Roma – nemo ante mortem beatus esse dici potest –, transmite o significado original, embora talvez tenha inspirado a prática da Igreja Católica de só beatificar os santos depois de há um bom tempo seguramente mortos. Porque eudaimonia não significa felicidade nem beatitude; é intraduzível e talvez até inexplicável. Tem a conotação de bem-aventurança, mas sem qualquer implicação religiosa, e significa, literalmente, algo como o bem-estar do daimon que acompanha cada homem durante toda a sua vida, que é a sua identidade distinta, mas só aparece e é visível para os outros.[[Quanto a esta interpretação de daimon e eudaimonia, veja-se Sófocles, Édipo Rei 1186 ff., especialmente os versos: «Pois que homem possui mais eudaimonia que a que deriva da aparência e desvirtua em sua aparência?». É contra esta distorção inevitável que o coro afirma: estes outros veem, «têm» diante dos olhos, como exemplo, o daimon de Édipo; a desgraça dos mortais é serem cegos ao próprio daimon.]] Portanto, ao contrário da felicidade, que é um passageiro estado de ânimo, e da boa sorte, que alguém pode ter em certos períodos da vida e carecer em outros, a eudaimonia, como a própria vida, é uma duradoura condição de existência, que não é sujeita a mudança nem é capaz de produzir mudanças. Segundo Aristóteles, ser eudaimôn é o mesmo que ter sido eudaimon, assim como “viver bem” (eu dzen) é o mesmo que ter “vivido bem” durante toda a vida; não são estados ou atividades que mudam a qualidade de uma pessoa, como aprender e ter aprendido, que indicam dois atributos inteiramente diferentes da mesma pessoa em momentos diferentes.[[Aristóteles, Metafísica 1048a23 ff.]] [A Condição Humana]
Heidegger
The εὖ is not something available out in the world, but rather is a how of living itself. From the determination that the ἀγαθóν is itself a how of concern itself, we have a series of aspects that define the ἀγαθóν, and so offer a precursor of what alone can satisfy so definite a sense of ἀγαθóν. It belongs to this sense of ἀγαθóν that whoever finds himself in εὐζωία has εὐτυχία. Concrete being-there can fulfill itself in such a way as to nevertheless suffer bad luck. This εὐτυχία, as a further aspect of the εὐδαιμονία of the ἄριστον, marks the point at which εὐζωία is being-in-a-world with its determinate conditions and possibilities; and that the εὐτυχία is included shows that this ethic is not a fantasy, but rather seeks the ἀνθρώπινον ἀγαθóν in its possibility. [Heidegger, GA18:78-79]
[(Man’s well-being is an affair of the soul, not of soul and body together (as against Aristotle): too much bodily well-being endangers the well-being of soul, and the wise man will not want it, and if he has it will seek to reduce it.)]
Man, and especially the good man, is not the composite of soul and body; separation from the body and despising of its so-called goods make this plain. It is absurd to maintain that well-being extends only as far as the living body, since well-being [eudaimonia] is the good life, which is concerned with soul and is an activity of soul, and not of all of it — for it is not an activity of the growth-soul, which would bring it into connexion with body. This state of well-being is certainly not the body’s size or health, nor again does it consist in the excellence of the senses, for too much of these advantages is liable to weigh man down and bring him to their level. There must be a sort of counterpoise on the other side, towards the best, to reduce the body and make it worse, so that it may be made clear that the real man is other than his outward parts. The man who belongs to this world may be handsome and tall and rich and the ruler of all mankind (since he is essentially of this region), and we ought not to envy him since he is cheated by things like these. The wise man will perhaps not have them at all, and if he has them will himself reduce them, if he cares for his true self. He will reduce and gradually extinguish his bodily advantages by neglect, and will put away authority and office. He will take care of his bodily health, but will not wish to be altogether without experience of illness, and still less of pain. If these do not come to him when he is young he will want to learn them, but when he is old he will not want either pains or pleasures to hinder him, or any earthly thing, pleasant or the reverse, so that he may not have to consider the body. When he finds himself in pain he will oppose to it the power which he has been given for the purpose; he will find no help to his well-being in pleasure and health and freedom from pain and trouble, nor will their opposites take it away or diminish it. For if one thing adds nothing to a state, how can its opposite take anything away? (, tr. Armstrong)
LÉXICO: ; ;