XII – Sócrates – Usemos de maior cautela no preparo de nossos alicerces.
Protarco – A que te referes?
Sócrates – Dividamos em duas classes tudo o que existe no mundo; ou melhor, se o preferires, em três.
Protarco – E o critério, não quererás dizê-lo?
Sócrates – Aceitemos algumas de nossas conclusões anteriores;
Protarco – Quais?
Sócrates – Dissemos que Deus revelou nas coisas existentes um elemento finito e outro infinito.
Protarco – Perfeitamente.
Sócrates – Formemos com esses elementos duas classes, vindo a ser a terceira o resultado da mistura de ambas. Mas receio muito que me torne por demais ridículo com essa divisão por espécies e com a maneira de enumerá-las.
Protarco – Que queres dizer com isso, meu caro?
Sócrates – Tudo indica que vou precisar de um quarto gênero.
Protarco – Dize qual seja.
Sócrates – Considera a causa da mistura recíproca dos dois primeiros e acrescenta-a ao conjunto dos três, para formamos o quarto gênero.
Protarco – E não viríamos, depois, a necessidade de um quinto, como fator de sua separação?
Sócrates – Talvez; porém não agora, segundo creio. Todavia, se for preciso, hás de permitir que eu saia à procura de mais esse.
Protarco – Por que não?