XIV – Sócrates – Mas também dissemos que, além desses três gêneros, havia a considerar um quarto. Ajuda-me a pensar. Vê se te parece necessário que tudo o que devém, só se forme em virtude de determinada causa.
Protarco – Sem dúvida; pois, sem isso não poderia formar-se.
Sócrates – E também não será certo dizer-se que o conceito de que se foram não difere de sua causa, a não ser no nome, sendo lícito afirmar que o agente e a causa são uma e a mesma coisa?
Protarco – Certo.
Sócrates – Descobriremos, ainda, tal como se deu há pouco, que o que é criado e o que se forma só diferem no nome. Não é isso mesmo?
Protarco – Exato.
Sócrates – Como também será certo dizer-se que o que cria vai naturalmente na frente, seguindo-o sempre no rastro o que é criado.
Protarco – Perfeitamente.
Sócrates – São diferentes, por conseguinte, e nunca a mesma coisa, a causa que lhe é subordinada para efeito da geração.
Protarco – Sem dúvida.
Sócrates – E agora: todas as coisas geradas e tudo de onde elas provém não nos forneceram os três primeiros gêneros?
Protarco – Isso mesmo.
Sócrates – E o que produz essas cosias, a causa, declaramos ser o quarto, pois demonstramos à saciedade que difere dos outros.
Protarco – Difere, sem dúvida.
Sócrates – E agora, depois de havermos distinguido os quatro gêneros, só seria de vantagem enumerá-los por ordem, para mais fácil memorização deles todo.
Protarco – Isso mesmo.
Sócrates – Em primeiro lugar, designo o infinito; em segundo, o finito. Como terceiro, temos a essência composta dos dois primeiros e deles oriunda; e se apontasse como quarto a causa da mistura e da geração, cometeria alguma cincada?
Protarco – Em absoluto.