Sócrates – Quer parecer-me que é do gênero misto que se originam tanto a dor como o prazer.
Protarco – Gênero misto, meu caro Sócrates? Convém que nos recordes qual tens em vista, dentre os anteriormente mencionados.
Sócrates – Farei o que puder, meu admirável amigo.
Protarco – Bela resposta.
Sócrates – Por gênero misto devemos entender o terceiro dos quatro gêneros por nós enumerados.
Protarco – E o que mencionaste depois do infinito e do finito, no qual incluíste, se não estou enganado, a saúde e também a harmonia.
Sócrates – Dizes bem. E agora, presta toda a atenção.
Protarco – Podes falar.
Sócrates – Digo que quando a harmonia se dissolve em nós outros, seres animados, produz-se ao mesmo tempo dissolução da natureza e geração da dor.
Protarco – É muito verossímil o que afirmas.
Sócrates – E que quando se restabelece a harmonia e volta ao seu estado natural, devemos dizer que nasce o prazer, se me for lícito exprimir brevemente e em poucas palavras um assunto de tal magnitude.
Protarco – Acho que te expressaste muito bem, Sócrates; mas tendemos dizer a mesma coisa por maneira ainda mais clara.