Filebo 33a-33c — Problema dos estados neutros

Sócrates – Então, grava bem essa particularidade, pois não é de somenos importância, quando se trata de julgar o prazer, temos isso em mente ou não termos. E para arrematar o assunto, se estiveres de acordo, mais uma palavrinha a esse respeito.

Protarco – Podes falar.

Sócrates – Como não ignoras, se alguém escolhe a vida sábia, não há o que impeça de viver dessa maneira.

Protarco – Referes-te à vida extreme de prazer e de dor.

Sócrates – Já ficou esclarecido, na comparação dos gêneros de vida, que quem escolhe viver segundo a razão e a sabedoria não sentirá prazer, nem muito nem pouco.

Protarco – Eu fico, realmente.

Sócrates – Seria essa condição de tal pessoa, o que talvez nada teria de estranho, se todos os meios de vida fosse esse o mais divino.

Protarco – A ser assim, os deuses nem sentem prazer nem o seu contrário.

Sócrates – Não, provavelmente. Esse estados não seriam próprios dos deuses. Mas ainda voltaremos considerar esse ponto, se advier daí alguma vantagem para nossa exposição elevarmos essa parte à conta da inteligência, na competição pelo segundo prêmio, no caso de não lhe ser possível alcançar o primeiro.

Protarco – Falaste com muito acerto.