Sócrates- Então, nenhum dos dois é o bem perfeito e desejável e universalmente aceito como tal.
Protarco – Sem dúvida.
Sócrates – Precisamos, pois, formar uma ideia clara do bem, ou, pelo menos, uma imagem aproximada, para saber, conforme declaramos há pouco, a quem conceder o segundo lugar.
Protarco – É muito justo.
Sócrates – Mas já encontramos um caminho que nos levará ao bem.
Protarco – Qual é?
Sócrates – Seria o caso de alguém andar à procura de uma pessoa, e obter, primeiro, a notícia exata de sua moradia: não constituiria isso um grande passo para achar que ele procurava?
Protarco – Como não?
Sócrates – Assim, também, nesse ponto nosso discurso nos indica, como já o fizera no começo, que não devemos procurar o bem na vida sem mistura, porém na mista.
Protarco – Perfeitamente.
Sócrates – Há esperança, portanto, de que o que procuremos se achará mais facilmente na vida bem misturada do que na que o não for.
Protarco – Muito mais.
Sócrates – Então, Protarco, iniciemos nossa mistura com uma invocação aos deuses, ou seja Dioniso ou Hefeso ou qualquer outra divindade o incumbido de prepará-la.
Protarco – Perfeitamente.
Sócrates – Como escanções, teremos duas fontes a nosso lado: com a doçura do mel pode ser comparada a fonte de prazeres, enquanto a da sabedoria, sóbria e nada inebriante, nos fornece uma água de gosto acre, porém saudável. Compete-nos, agora, preparar a mistura da melhor maneira possível.
Protarco – Sim, façamos isso mesmo.