proairesis (Gobry)

proaíresis (he) / proairesis: livre escolha. Latim: liberum arbitrium.

Faculdade de escolher livremente.

Composto de aírein, pegar, e da preposição pró, adiante. Aristóteles observa que essa faculdade é mais elevada e específica do que a simples vontade (boulesis). É exercida sobretudo na ordem moral (Et. Mc, III, II, 1-2).

A proérese, segundo diz Aristóteles, manifesta-se com as seguintes características: exige deliberação; logo, é exercida sobre aquilo que depende de nós; não tem em vista os fins, mas os meios. Assim, o homem é o princípio de seus atos (ibid., III, III). Essa noção de ato mostra, ademais, que essa faculdade é própria da virtude ética, que se manifesta na ação, e não da virtude dianoética, que tem por exercício próprio a contemplação (v. areté). Essa doutrina foi retomada por Alexandre de Afrodisia (Do destino, XX). A proérese ganha assim importância capital para os estoicos. Diz Epicteto: “O bem do homem e também o seu mal estão situados no livre-arbítrio. E todo o resto nada é para nós” (Leituras, I, XXV, 1). Ora, o determinismo estoico faz que todos os acontecimentos sejam ditados uma vez por todas. A livre escolha consiste então em querer livremente aquilo que é inevitável (Ibid., I, XVIII, 8, 17, II, XXIII, 42; Manual, XXX, LIII, 1; Marco Aurélio, III, 6; V, 20;VIII, 56). Plotino atribui ao universo (pân) uma vontade livre, que é a soma das vontades singulares (IV, IV, 35).