sophistés (ho) = sofista. Latim: sophistes.
Esse termo, derivado de sophós, sábio, designa como este, na origem, um homem hábil. Mas, ao contrário de sábio, que adquiriu sentido laudatório, a palavra sofista passará a ter no século V significado pejorativo, devido aos abusos dos pensadores que receberam esse nome: Górgias, Protágoras, Hípias, Pródico, Trasímaco, Polos, Eutidemo, Dionisodoro.
Antes de Platão, sophistés frequentemente quer dizer sophós (Tímon de Flionte, Silos, 1). Até o século V, o sofista profissional era um homem muito bem-visto na Grécia. Fazia parte da vida pública e constituía um elemento muitíssimo apreciado da cultura popular. No início, era apenas um orador; peregrinava pelas cidades em dias de festa e recitava perante o público trechos de eloquência sobre assuntos variados. Depois, tornou-se professor de retórica e propunha-se ensinar a arte de falar. Por fim, como essa arte é própria daqueles que querem defender uma causa — advogados e, sobretudo, políticos —, o sofista tornou-se mestre da habilidade: a instrução que passou a dar deixou de ser estética para tornar-se utilitária: aptidão e receitas para ter sucesso nos negócios públicos.
Ora, o discurso subordinado ao sucesso já não é conduzido pelas leis da verdade, mas pelas do interesse. Sofista tornou-se sinônimo de arrivista: relativista nos fins, inescrupuloso nos meios e tortuoso na argumentação.
Platão atacou de frente essa corporação. No diálogo que tem, precisamente, o título O sofista, buscando definir esse tipo de charlatão intelectual, ele apresenta uma série de definições pitorescas e pouco amenas, como “o sofista é um caçador interesseiro de jovens ricos” (223 a, b),”0 sofista é um fabricante de saber que vende sua própria mercadoria” (224c, 231d).
Mais didático que polêmico, Aristóteles organizará num tratado os tipos de raciocínio empregados pelos sofistas, com o fim de refutá-los. Essa será a matéria do último livro do Organon, Sophistikoi élenkhoi.