Na análise de Heidegger (1992 p. 222), quando Parmênides afirma, “pensar e ser são a mesma coisa” (Frag. VIII, 34 seq), “ser” (einai no fragmento) quer dizer “ser pre-sente do ente pre-sente”, mas noein pertence igualmente a uma só articulação: a articulação com legein, e significa “tomar em conta”, “notar”, “inteligenciar”. Quanto a “mesmidade” (to auto) que afirma a frase, não é que sejam indiferentes e intercambiáveis, “ser” e “pensar”, e nem “parecidos” ou similares. Na diferença que lhes cabe, pertencem um ao outro, e “isso de tal maneira que aquele que é denominado em primeiro, “noein”, tem seu ser nisto: que ele permanece ordenado ao ser pre-sente do ente pre-sente” (ibid. p. 223). O noein está guardado no ser pre-sente do ente pre-sente, e é deste último que vem a “lembrança que chama ao ser do pensamento e que deixa entrar este em seu ser e o protege em seu seio” (ibidem). A frase de Parmênides deve assim ser finalmente traduzida: “O mesmo com efeito é o tomar em conta e também o ser pre-sente do ente pre-sente” (ibidem).