Categoria: Pré-socráticos
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Anaxágoras: nascimento e morte
Os gregos não usam corretamente os termos “vir a ser” e “perecer”. Pois nada vem a ser nem perece, mas há mistura e separação das coisas que existem. Portanto, eles fariam bem em chamar vir a ser de ‘mistura’, e o perecer de ‘separação’. [O mesmo processo que a terminologia hermética descreve como “coagulação” e…
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Kingsley: noûs
Excerto de KINGSLEY, Peter. Reality. Inverness: The Golden Sufi Center, 2003, p. 77-78. Se estás te perguntando por que Parmênides se concentra tão exclusivamente no pensamento, a resposta é bastante simples. Ele não o faz. A partir do momento em que ele aborda o assunto do pensamento – quando introduz o enigma sobre os dois…
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Anaxágoras — Fragmento 1
1. (No princípio) todas as coisas eram juntas, infinitas em número e infinitas em pequenez. Pois também a pequenez era infinita. E enquanto as coisas juntas permaneciam, nenhuma era claramente reconhecível, de diminuta que era. Pois o ar e o éter, os mais poderosos (mégista) constituintes do todo, quer em número, quer em extensão. (Eudoro…
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A psyche nos Pré-Socráticos
7. Liberta assim das suas imediatas associações pneumáticas, a psyche encontra o seu lugar, como sugere Aristóteles, dentro dos quadros mais vastos do movimento e da percepção. Típicas no que a isto se refere são as opiniões dos atomistas e de Empédocles. Aqueles tinham reduzido a realidade aos atoma e ao vácuo (kenon) e estavam,…
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Música e Astronomia
Quando Platão diz da música e da astronomia que são duas ciências irmãs (República, VII, 530 d), fala como alguém para quem a doutrina de Pitágoras não devia guardar muitos segredos. Eis uma passagem de Tião de Esmima que nos permite compreender o que deve entender-se por «harmonia das esferas celestes»; «Relativamente à posição e…
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Eudoro de Sousa (HC:55) – Dialética do Poema de Parmênides
[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 98-99] 55. Por conseguinte, não é irrefutável a tese, segundo a qual a «Opinião dos Mortais» seria apenas um artifício dialéctico, e torna-se bastante verosímil que ela se situe no prolongamento da «Via da Verdade», como a verdade do…
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Eudoro de Sousa (HC:51) – Parmênides – Doxa
[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 93-94] 51. A «Doxa» é a parte mais fragmentária do poema de Parmênides, o que parece dar razão aos intérpretes que formularam a hipótese de que essa última parte não passaria de um arranjo, mais ou menos hábil, das…
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Eudoro de Sousa (HC:57) – Poema de Parmênides – interpretações contextuais
57. Em primeiro lugar, falemos acerca das interpretações que não se acham necessariamente apoiadas na leitura do texto, a) A viagem de Parmênides é única, e não reiterada: o optativo ikánoi («alcance»), última palavra do primeiro verso, não é obrigatoriamente um interactivo, b) Nem o é para baixo, para o interior da terra, nem para…
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Kostas Axelos (1961:47-48) – logos
Le Logos est chez Héraclite ce qui constitue, éclaire et exprime l’ordre et le cours du monde. Le logos d’Héraclite — le discours du penseur qui pense le monde — ne peut être saisi que si nous entrons en dialogue avec lui. Le logos fonde le discours et le dialogue, et anime la dialectique. Ce…
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Eudoro de Sousa: Empédocles
60. Parmênides teria sido o primeiro pluralista, se o seu dualismo fosse o da realidade, e não o da aparência — da aparência, pura e simples, ou da aparência da realidade: o dualismo da Luz e da Noite é questão de nomos («convenção»), e não de physis («natureza»), Empédocles institui o pluralismo na realidade, na…