Hípias maior
Sobre a beleza. Esboça uma primeira notícia sobre as Ideias.
APRESENTAÇÃO
O tema do diálogo — o belo — não é abordado senão depois de um longo prólogo e apenas surge na conversa entre Sócrates e Hípias no momento em que Hípias discorre sobre as “belas ocupações”, segundo discurso que tinha dado em Esparta. Este prólogo põe em paralelo, ironicamente, os antigos sábios — os Sete Sábios da tradição — que se tinham mantido fora da vida política, e a atitude de Hípias e dos outros sofistas, estes “sábios” modernos, que sabem habilmente tirar partido de seu savoir-faire e nisso buscam conciliar a conduta dos afazeres públicos e de seus afazeres privados.
O prólogo continua discutindo a questão da educação e o papel dos sofistas, considerando seu interesse puramente comercial. A questão do belo surge, pela pretensão de educador de Hípias, onde Sócrates surpreende pondo a questão do belo, em termo do que merece admiração e aprovação, do que é “excelente” (arete).
Assim o diálogo se encaminha para uma tentativa de definição do belo, em termo da excelência que deveria ser a meta e o resultado da educação. Sócrates indagando Hípias sobre o tema demonstra a causa profunda das insuficiências deste projeto sofista: a ignorância, a ignorância da ignorância, a ausência de reflexão.
Sócrates desenvolve sua maiêutica a partir de um “embaraço” (aporia) advindo da seguinte questão: quando se afirma que uma coisa (um ser ou uma ação) é bela e outra feia, em nome de que se julga? Em se referindo a que definição do belo? Em utilizando que critério?
Hípias vai dar a esta questão, com toda pressa e certeza cômicas, três respostas que são tentativas de definição do belo. Mas estas definições não serão satisfatórias, porque permanecem ao nível da opinião mais comum (doxa) e porque são fundadas sobre erros de lógica. Hípias não é capaz de operar esta conversão descrita no Fédon e que nos faz aceder de maneira racional às verdadeiras realidades (o Belo, o Bom, o Justo em si) em nos liberando das contradições do mundo sensível, incerto e mutante. (Adaptado de PLATON, HIPPIAS MAJEUR)
- Hípias Maior (trad. em espanhol)
- HPM 281a-282a: Prólogo
- HPM 282b-284e: A indústria dos sofistas
- HPM 284e-285b: O legal e útil
- HPM 285b-286c: A ciência de Hípias
- HPM 286c-287b: O problema da natureza do Belo
- HPM 287b-287d: Discussão sobre o belo
- HPM 287d-289d: Primeira tentativa de definição da beleza
- HPM 289d-291c: Segunda tentativa de definição da beleza
- HPM 291c-293c: Terceira tentativa de definição da beleza
- HPM 293c-295b: Exame crítico da noção de conveniência
- HPM 295c-296e: Quarta tentativa de definição da beleza
- HPM 296e-297e: Causa e efeito
- HPM 297e-300c: Quinta tentativa de difinição da beleza
- HPM 300c-303d: Atribuição coletiva e atribuição parcial
- HPM 303d-304e: Epílogo
- Jowett: GREATER HIPPIAS
- Jowett: HPM 281a-282a: Prólogo
- Jowett: HPM 282b-284e: A indústria dos sofistas
- Jowett: HPM 284e-285b: O legal e útil