hómoios: igual, semelhante
1. Uma das teorias gregas, mais vulgares, do conhecimento baseou-se na expressão «o semelhante é conhecido pelo semelhante». Podem detectar-se dois aspectos: 1) o conhecedor não pode conhecer um objeto sem alguma espécie de identidade dos elementos entre eles e 2) ao conhecermos alguma coisa também nos tornamos, simultaneamente, mais semelhantes a ela. O primeiro aspecto vê-se mais manifestamente no frg. 109 de Empédocles: «Vemos a terra com a terra, a água com a água», explicado (Diels 31A86) pelo fato de que as coisas emitem efluxos e o conhecimento resulta quando estes se adaptam às passagens correspondentes nos sentidos; comparar a teoria semelhante em Demócrito (Diels 68A135; ver aisthesis). Há uma versão mais sofisticada no Timeu de Platão 45b-46a onde a visão é explicada pela saída de um raio de luz faiscante que se junta, «semelhante a semelhante», aos raios igualmente constituídos do sol; a intrusão de um objeto neste raio homogêneo origina a sensação. Aristóteles, que critica ambas as versões da Teoria (De anima I, 404b; De sensu, 437a-b), resolve o problema por meio da sua teoria da dynamis: o conhecedor é o objeto potencialmente (ibid. 438b). O segundo aspecto, o conhecedor torna-se o conhecido, reflete a doutrina aristotélica do conhecimento (ver noesis) completamente desenvolvida, e numa direção ética, as de homoiosis, katharsis, harmonia; ver também ouranos.
2. Para o uso do homeopatismo médico pelos filósofos, ver katharsis; a teoria da percepção situa-se no seu contexto mais lato na rubrica aisthesis; para a semelhança na diástole processão-reversão do neoplatonismo, ver proodos; para o seu papel na ação e na paixão numa escala cósmica, sympatheia. [Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters]