kenosis

kénôsis: esvaziamento, depleção
ver hedone. (Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters)


gr. kénôsis: esvaziamento, depleção, pobreza, desprendimento; kenón (tó), vazio, vácuo. Latim: vacuum. O vácuo é considerado pelos gregos de dois modos diferentes: ou como fator de imperfeição, que põe em causa a totalidade e a perfeição da realidade (escola eleática), ou como fator de harmonia, que permite a diferenciação, a complementaridade e o movimento dos diferentes elementos da realidade. Para o problema da existência do vácuo interior ao mundo sensível, duas respostas: ele existe (atomistas: Leucipo, Demócrito, Epicuro); ele não existe (Parmênides, Platão, Aristóteles).


gr. kenón. Como objeto do pensamento filosófico, o espaço vai ser tratado sob diversas apelações pelos primeiros filósofos gregos. Já Anaxímenes e Anaximandro pensam a matéria originária como sendo estendida sem limite espacial nem temporal. Enquanto os Eleatas Parmênides e Melisso negavam, em conformidade a sua ontologia, a existência do vazio (= não-ser), os pitagóricos afirmavam um vazio infinito cercando o mundo. Zenão de Eleia, a fim de mostrar a impossibilidade do movimento e da pluralidade dos seres, mostrou as aporias inerentes ao conceito de extensão, infinitamente divisível ou não. Em oposição a Empédocles e Anaxágoras, que como os Eleatas negavam o vazio, os atomistas consideravam o kenon como complemento indispensável dos átomos, sendo dado que ele os separa e torna assim possível seu movimento. O conjunto da especulação pré-socrática sobre a oposição entre o pleno (to pleon) e o vazio (to kenon), que encontra correspondência ontológica na relação entre o ser (material ou não) e o não-ser, comportava portanto a elucidação dos problemas relativos à natureza e à dimensão do espaço, e a sua diferenciação dos corpos que o ocupam, embora o termo khora só seja utilizado a partir de Platão. Para ele, o espaço é a condição necessária para que as Ideias transcendentes possam ser realizadas no mundo do devir sensível. Sem forma ele mesmo, o espaço tem por função receber as imagens cambiantes das Formas ideais, sem que no entanto possa ser assimilado à categoria de matéria constituindo os corpos sensíveis. Embora as metáforas obscuras do Timeu tornem difícil uma apreciação definitiva, Platão parece pensar o espaço como receptáculo, e a matéria neste receptáculo como um espaço vazio limitado pelas superfícies geométricas. (Notions philosophiques)


A existência do vazio foi objeto de controvérsia entre os filósofos da Grécia clássica e até o século XVII. Negado por Aristóteles no quadro de sua física e de sua cosmogonia, o espaço vazio era necessário para os atomistas gregos. O vazio é, intuitivamente, um espaço sem qualquer corpo material (Notions philosophiques)

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