Segundo Brisson & Pradeau (BPT1-6 p. 139), a impassibilidade e a tendência são noções de origem estoica, que Plotino retoma para adaptá-las a seu argumento. No caso do Tratado-8, a fim de definir a parte de toda alma que, “intelecto puro”, não deixa o inteligível mas permanece junto do Intelecto, seu princípio. O intelecto da alma é portanto impassível, e nada não lhe faz falta que exigiria de sua parte um desejo ou uma tendência que o levaria a buscar fora dele mesmo algo que lhe faltasse.


Adicionemos que o Uno é impassível, que não poderia experimentar qualquer paixão: isso é verdade também para as duas outras hipóstases. Eis aí um dos dogmas universais do pensamento grego. Um dos tratados de Plotino (Eneada-III-6) recebeu de Porfírio o título: « da impassibilidade dos incorporais ». É também o caso da alma, abstração feita de sua ligação com o corpo, pois é do corpo que vêm as paixões por intermédio das representações. O imortal e o incorruptível são impassíveis (Eneada-I, 1, 2).