Empépocles de Agrigento, na Magna Grécia, autor de dois poemas, Da natureza e As purificações, é uma figura imensamente interessante. A personalidade de Empédocles foi filosófica, religiosa, biológica. O ponto central de seu pensamento é a teoria dos quatro elementos ou raízes de todas as coisas, terra, água, ar e fogo, movidos por dois princípios; o amor e o ódio. Suas ideias acerca do homem como realidade biológica e sobre a vida a a transmigração das almas significam um ponto de vista mais maduro na filosofia pré-socrática, embora se ligue às especulações religiosas e pitagóricas.
“Um homem sábio não opinaria em seu coração que os mortais só existem e há para eles bens e males enquanto vivem o que chamam a vida, e que antes de se formarem e depois de se dissolverem não são nada.” (Fr. 15 de Diels.)
“Fui em outro tempo um jovem e uma jovem, um arbusto e uma ave, e um peixe mudo no mar.” (Fr. 117 de Diels.)
“A terra que envolve o homem. . .” (Fr. 148 de Diels.)
“(A natureza), que reveste as almas de uma estranha envoltura de carne.” (Fr. 126 de Diels.)
Empédocles não reduz a existência do homem ao tempo de sua vida; supõe para ele uma preexistência e uma perduração após a morte; porém parece excessivo interpretar estas palavras, pelo menos em sentido rigoroso, como uma doutrina próxima àquela que Platão expõe no Fedro, ou à de uma vida perdurável, transcendente. O segundo dos fragmentos citados assinala o alcance do primeiro, reduzido ao de uma pervivência da alma em distintos estados, em diversas “vidas”; trata-se, porém, de uma identidade da alma através de suas sucessivas encarnações, como o prova a insistência de Empédocles ao usar o pronome pessoal eu (Ego), e o dualismo que indica energicamente entre as envolturas de terra ou carne e a alma humana que as recebe.
Sobre Empédocles, entre outros estudos, pode-se ver Ettore Bignone: Empedocle, Studio critico. Traduzione e commentario delle testemonianze e dei frammentiEttore Bignone: Empedocle, Studio critico. Traduzione e commentario delle testemonianze e dei frammenti. (Turin, 1916)