O que é que acontece com o «matemático», dado que ele não deve ser compreendido a partir da matemática? Quando se trata de questões deste gênero, fazemos bem em deter-nos nas palavras. Na verdade, nem sempre a coisa se encontra aí onde está a palavra. Mas, no que diz respeito aos Gregos, dos quais a palavra deriva, devemos estabelecer, sem perigo, o pressuposto de que é o contrário que acontece. O «matemático», segundo a origem etimológica, resulta do grego ta mathemata, o que se pode aprender e, ao mesmo tempo, em consequência, o que se pode ensinar; manthanein significa aprender. Mathesis significa lição e, na verdade, num duplo sentido: lição no sentido de «ir a uma lição e aprender» e lição como «aquilo que é ensinado». Ensinar e aprender são aqui tomados num sentido lato e, ao mesmo tempo, essencial, não no sentido restrito tardio, utilizado na escola e pelos doutos. Realçar isto não é ainda suficiente para conceber o sentido próprio do «matemático». Além disso, é necessário examinar em que contexto amplo os gregos inseriam o matemático e de que é que o distinguiam. (Martin Heidegger, «O que é uma coisa?»)