metaphysika

metaphysiká (tá). Plural neutro de metaphysikós: metafísica. Latim: metaphysica.

Termo nunca empregado pelos autores gregos, pois data do filósofo árabe Averróis (século XII). É contração de meta tà physiká,”o que vem depois da Física (physiká / physika também é um adjetivo plural neutro, subentendido: “os livros”)” (de Aristóteles), denominação dada por Andrônico de Rodes, no século I a.C., às diversas obras de filosofia primeira de Aristóteles, na primeira edição do Corpus aristotelicum, ou conjunto das obras que nos restaram de Aristóteles entre as numerosas obras perdidas. [Gobry]


Platão buscou o que significam as palavras ser e não-ser no diálogo que tenta apreender o sofista, o inapreensível. Parmênides, dizendo que o ser é e que o não-ser não é, bloqueou o discurso: dizer com efeito que Sócrates é branco, quer dizer de alguma maneira que ele não é Sócrates, e, se não é permitido de dizer ou não ser senão absolutamente, é se contradizer. Ora, se o não-ser não é, o erro que diz o que não é, é impossível: os sofistas nasceram da ocasião que lhes foi dada assim de admitir que se pode dizer não importa o que de não importa o que e deixar cair o princípio da contradição. Parmênides o compreendia de tal maneira que imobilizava tudo e o pensamento ele mesmo; seu contrário obrigado, Protágoras, mobilista. Mas, se agora tudo se move, nada não pode ser dito de nada, não há discurso verdadeiro possível; pois falar, dizer algo de algo, é sempre pressupor algum ser fixo ou uma unidade de essência — basta refletir sobre o discurso para ascender à ideia, o pensamento não se reduz ao sensível. No entanto, como o mostra o Teeteto, o mobilismo é inapreensível, não se pode refutar isto para quem o erro é impossível. Assim também o exame do discurso de Protágoras é fundamentalmente uma conjuração da tirania: para que a justiça não seja um vão fantasma e possamos distinguir a injustiça e a tirania, precisamos falar o verdadeiro. A certeza moral, socrática, comanda em Platão o que vão denominar uma ontologia, ela é a alma de todos os diálogos. Deve-se portanto buscar como pode que haja um prestígio das aparências e da retórica, que haja simulacros, aparência que não manifestam nada de real e que no entanto nada são. O orador ignorante obtém mais voz quando de uma voto, que o especialista e o sábio: como a opinião pode ter assim a aparência de ciência e nos fazer cúmplice do tirano? Nada há de abstrato na distinção da opinião e da ciência, do sensível e do inteligível, nem da necessidade de saber o que quer dizer ser ou não-ser. Eis porque é preciso se desconfiar da poesia, dos mitos e das interpretações que fazem o poder dos sacerdotes e dos políticos. Platão trata do ser para determinar as condições do discurso verdadeiro, quer dizer de um uso do discurso que seja diálogo e não arte de combate, dialética e não erística. [Notions philosophiques]

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