Música e Arquitectura

A noção de intervalo harmônico, a cuja constituição preside o número, raiz de todas as coisas, encontra-se igualmente no âmago da arquitetura, mais precisamente da arquitetura sagrada, onde devem ter desempenhado importante papel as tradições egípcias. O templo grego constitui uma verdadeira música petrificada, e Georgíades pôde, pelo estudo dos intervalos que separam as colunas do Pártenon e os Propileus, encontrar números rigorosamente proporcionais à escala pitagórica. Semelhantes tradições de harmonias arquiteturais, com as habilidades que comportavam para construir poliedros regulares ou figuras repletas de simbolismo esotérico, como o hexágono, a rosácea, o pentagrama, transmitiram-se dos Pitagóricos aos construtores de catedrais da Idade Média. As mesmas tradições se encontram no centro da obra capital de Vitrúvio (século I a.C.), De Architectura que foi um dos livros de cabeceira da Idade Média e do Renascimento1.

Deste modo, no e pelo número, a proporção e a harmonia, é Corpo e dos corpos; traduz a divisão da Unidade e os diferentes do nosso moderno conceito de velocidade. Os intervalos temporais da música e os intervalos espaciais da arquitetura unem-se no ritmo e presidem ao harmonioso conúbio da extensão e da duração.


  1. Cf. sobretudo De Architectura, III, 1. 

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