páschein: sofrer, ser afetado, paixão
1. A paixão (páschein) cujo estado geral o pathos é o aspecto formalizado, é, juntamente com o seu correlato, a ação (poiein), uma função da antiga noção de «poder» (dynamis). Mas a sua separação e conceitualização parecem ter sido obra de Platão (mas ver Górg. 476a-e onde a sua fácil manipulação sugere um uso anterior) que divide a mudança (kinesis) em aspectos ativos e passivos (Teeteto 156a; confrontar Leis X, 894c) a que ele mais tarde chama marcas do mundo do devir (genesis; Soph. 248c).
2. A associação da ação e da paixão com a genesis permanece constante, não no sentido de mudança qualitativa ou locomoção como Platão sugere (Teeteto 156c), mas no sentido técnico da genesis aristotélica, i. e., mudança substancial, e, particularmente, a passagem de um elemento (stoicheion) a outro. A chave para a ação e a paixão é a oposição (enantion); as coisas idênticas não podem atuar umas sobre as outras (Platão, Timeu 57a; Aristóteles, De gen et corr. 1, 323b). Por conseguinte, as forças ou qualidades implicadas em genesis devem ser genericamente as mesmas, mas especificamente diversas, e genesis pode ser definida como «passagem a um contrário» (Aristóteles, op. cit. I, 324a).
3. Mas a mera oposição não é o suficiente: as forças contrárias devem ter capacidade para a ação e paixão. É significativo que quando Aristóteles tenta discernir que forças estão presentes na genesis dos elementos ele destaca «o leve» e «o pesado» precisamente baseando-se em que embora sejam contrários, não têm poiein e páschein (ibid. n, 329b).
4. Em Aristóteles páschein é uma das dez kategoriai (Cat. 1b-2a), e os seus exemplos são «está cortado», «está queimado». Como poiein admite tanto a oposição como o grau (ibid. 116). No estoicismo o «paciente» (paschon) é identificado com a matéria (hyle), o agente (poioun) com o logos (D. L, VII, 134). Tanto Aristóteles como os estoicos distinguem entre elementos passivos e ativos ou, melhor, as suas qualidades (Meteor. IV, 378b; SVF II, 418; ver genesis).
Para as archai do movimento, ativas e passivas, ver, respectivamente, kinoun e physis; para a sua importância metafísica, energeia e hyle; para o seu papel na percepção, aisthesis; para “crio in distans” e o problema do contacto, syimpatheia 7. [Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters]