Afrodite

Em várias passagens, Plotino representou suas três hipóstases por três ou mesmo quatro divindades do Panteão grego, o Uno por Urano, a Inteligência por Cronos, a Alma do Mundo seja por Zeus seja pela Afrodite celeste, a respeito do mito platônico do nascimento de Eros no Banquete (203 c3-5; 180 d7-8). A Afrodite celeste, dita nascida de Cronos, representa “a alma muito divina nascida pura dele que é puro e permanecendo aí no Alto porque ela não quer nem não pode permanecer nas realidades daqui de baixo”. Ela é uma hipóstase distinta e não participa da matéria, o que significa o fato que ela não tem mãe. Ela tira sua força de que está próxima de seu seu pai: seu desejo é de se fixar nele que é capaz de mantê-la aí no Alto. Logo ela permanece suspensa na Inteligência e não pode cair. Ela segue Cronos e o pai deste último, Urano, ela dirige para ele sua atividade, ela o ama e ela engendra Eros, o Amor (Eneada-III, 5, 3). Quando há geração o engendrado é menor que aquele que o engendrou: é o caso da Alma em relação à Inteligência: “Esta Alma é uma essência (ousia) vinda de um ato que a precede, vivente, procedendo da essência dos seres (= a Inteligência) e olhando para ela que é a essência primeira e a olhando intensamente”. Esta contemplação da Inteligência pela Alma é essencial para ela e o Eros que dela nasce representa o desejo que ela tem. Neste texto, por conta da dualidade de Afrodite – a celeste de que é questão aqui e aquela que nasceu de Zeus e Dione – Plotino parece desdobrar a Alma do Mundo em supondo ao lado desta Alma do alto e de seu Eros, uma Alma do universo assistida de um outro Eros, que é preposta aos aos casamentos. “Toda (alma) deseja o bem, inclusive aquela que está misturada (à matéria) ou que se tornou a alma de alguém, porque ela é por conta dessa (a celeste) e que ela vem dela” (Eneada-III, 5, 9).