Princípio

O Uno é sempre designado como o princípio de tudo, o Bem e o Primeiro: eis porque para alcançar seu conhecimento é preciso se aproximar dele, longe do sensível e de toda malícia, se unificar si mesmo, se tornar inteligência. Mas o Uno é mais puro e mais perfeito que a Inteligência que é um dos seres, enquanto o Uno não é um dos seres, mas antes dos seres. Ele engendra todas as coisas, mas não é nada do que engendra. Quando a ele se chama causa, não se enuncia assim um caráter acidental que se relacionaria a ele, mas algo que se relaciona o nós. Somos efeitos sem que se possa dizer que ele seja causa, pois isso nada adiciona ao que ele é. Ele é conhecido pelo que engendra, a substância (Eneada-VI, 9, 5), e sua natureza é de ser a fonte dos melhores bens, o poder que engendra os seres, em permanecendo nela mesma e não se achando diminuída pelo que produz. Um pouco adiante o Uno é dito a fonte da vida, a fonte da inteligência, o princípio do ser, a causa do bem, a raiz da alma. Mas tudo isso não corre dele como se sofresse uma perda: ele não é como uma massa que se divide naquilo que produz e que é por isso consumível. Eis porque o que ele produz não é consumível, mas ao contrário eterno, porque o princípio não se divide e permanece inteiro (Eneada-VI, 9, 9).