ANAXÍMENES

(Alberto Bernabé, 2013)

Sobre a obra de Anaximenes, não temos outra referência útil para um estudo literário além daquela de Diógenes Laércio (2.3= Anaximenes A 1 D.-K.), que valoriza o estilo do filósofo: “usou uma dicção jônica simples e concisa”, o que indica que o avanço em direção a uma prosa científica havia ido mais longe do que os “termos excessivamente poéticos” de Anaximandro. O uso de palavras como chalaros «laxo» (Anaximenes B 1), que não está documentado na poesia arcaica, mas é usado por escritores científicos ou num sentido vulgar, confirma esta impressão. Uma novidade de Anaximenes é, igualmente, a sua reutilização para novas necessidades de um recurso épico, a comparação. Se, como na épica, serve para conferir maior vivacidade à descrição da ação, a comparação passa a ser utilizada por ele como um “modelo em escala”, mais facilmente compreensível, de realidades mais complexas. Um exemplo notável desse procedimento é sua famosa comparação entre o ar-alma do homem e o ar-alma do mundo (Anaximenes B 2):

Assim como nossa alma, que é ar, mantém nossa coesão, também o mundo inteiro é abrangido por um sopro, o ar. Outro bom exemplo, embora não seja uma citação literal, seria a comparação entre a rarefação e a condensação do Aer e o ar que sai, quente ou frio, pela boca, dependendo de ela estar mais aberta ou mais fechada (Anaximenes B 1).

BERNABÉ, Alberto. Los Filósofos Presocráticos: Literatura, Lengua y Visión Del Mundo. 1st ed ed. Madrid: Ediciones Evohe, 2013.