psyche tou pantos

psyche tou pántos: Alma do Mundo

1. A existência de uma alma para o mundo inteiro parece ser outro exemplo do uso platônico de raciocínio análogo (ver kosmos noetos): se se pensa que o kosmos é uma unidade orgânica viva (ver zoòn), segue-se que, como os outros animais, tem de ter uma alma. Esta linha de raciocínio surge no Pol. 269d-273b (embora aqui a psyche não seja ainda uma fonte de movimento contínuo), no Phil. 30a, e, finalmente, de um modo completamente integrado no Timeu 34a-37c. É feito pelo demiourgos a partir de tipos intermediários (i. e., misturas que combinam elementos apropriados do mundo inteligível do ser e do mundo sensível do devir) da Existência (ousia), do Mesmo, e do Outro, três dos cinco eide mais importantes mencionados no Soph. 254d. A explicação aristotélica para a escolha destas misturas baseia-se no princípio epistemológico do «semelhante conhece semelhante» (De anima I, 404b; ver homoios, aisthesis). Estes ingredientes estão dispostos em grupos com alguns intervalos harmônicos (Timeu 35b-36b), e, assim, a Alma do Mundo torna-se, à boa maneira pitagórica, um paradigma não só para o movimento harmonioso para todos os corpos celestes, mas também para a restauração ética da harmonia na alma humana individual (ibid. 90c-d; ver katharsis).

Para a existência de uma Alma do Mundo do mal no sistema platônico, ver kakon.

2. Aristóteles já não necessita da psyche para explicar o movimento (ver physis), e assim a Alma do Mundo é calmamente abandonada. Ela reaparece, todavia, na tradição platônica tardia (ver Fílon, De migre. Abr. 32, 179-180; Albino, Epit. X, 3) e torna-se uma das hypostases de Plotino; Enéadas V, 2, 1. O ponto de vista é agora muito mais complexo: a Alma do Mundo tem uma parte superior e uma inferior, a primeira comprometida na contemplação (theoria), e a segunda corrompida na atividade (praxis) e chamada physis; é divisível, ainda que indivisível (Enéadas IV, 3, 4); todavia, diferentemente da Alma do Mundo de Platão, produz o mundo sensível, Enéadas V, 2, 1; ver proodos. [Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters]


As duas misturas donde resulta a Alma do Mundo (Brisson, PLATON, OEUVRES COMPLÈTES:

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