Ficino, 1594
Todo filósofo platônico considera que toda coisa possui três aspectos: o que a precede, o que a acompanha e o que a segue. Se esses aspectos são positivos, a coisa é elogiada; se são negativos, é criticada. A perfeição do elogio reside em examinar sua origem, descrever seu estado atual e apresentar seus possíveis desdobramentos futuros. Dessa forma, algo é nobre por seus antecedentes, grandioso por seu presente e útil por suas consequências, estabelecendo três formas de louvor: nobreza, grandeza e utilidade.
Por essa razão, Fedro, ao observar a excelência do amor no presente, chamou-o de um grande deus e o descreveu como digno de admiração por homens e deuses. Admiramos aquilo que é verdadeiramente grandioso, isto é, aquilo cujo poder submete tanto deuses quanto humanos, como afirmam Orfeu e Hesíodo ao dizerem que as mentes de todos são influenciadas pelo amor. Também se afirma que o amor deve ser admirado, pois todos amam aquilo cuja beleza admiram. Assim, os deuses e os anjos veneram a beleza divina, enquanto os humanos apreciam a beleza dos corpos. Sob essa perspectiva, o louvor ao amor surge de sua excelência presente.
Mais adiante, Fedro o elogia por sua origem, afirmando que é o mais antigo entre os deuses, destacando sua nobreza desde o princípio. Por fim, ele o exalta por seus efeitos, demonstrando sua grande utilidade. Antes de abordar sua utilidade futura, primeiro será explorada sua origem antiga e nobre.