rhoe

rhoé: ação de fluir, corrente, fluxo

Do tempo de Platão em diante, a posição de Heráclito e seus seguidores, um dos quais, Crátilo, exerceu aparentemente alguma influência em Platão (ver Aristóteles, Metafísica 987a), foi descrita metaforicamente como «fluir» ou «correr» (assim, para Heráclito, Platão, Crát. 402a; para os seus seguidores, Crát. 440c-d e Teeteto 179d-181b; a célebre expressão «tudo está num estado de fluxo» (panta rhei) não aparece antes de Simplício, Physica 1313, 11). Se o próprio Heráclito usou a expressão ou se, na verdade, ela é uma descrição exata da sua visão da mudança pode ser matéria de discussão, mas o que é notável é que esta expressão popular (os heraclíticos contemporâneos de Platão eram na verdade chamados «fluentes»: Teeteto 181a) nunca foi conceitualizada.

Platão rejeita as implicações da metáfora, principalmente porque ela torna impossível o conhecimento (Crát. 440a-b, e ver episteme), mas quando passa a tratá-la como um problema filosófico ela aparece sob a rubrica de «devir» (genesis; Teeteto 152e-153a é um bom exemplo da omissão que Platão faz da metáfora em favor da genesis mais plenamente conceitualizada) ou, como em Aristóteles, como parte do problema da «mudança» (ver metabole, kinesis). No que dizia respeito à linguagem técnica da filosofia, rhoe nunca passou de uma imagem surpreendente. (Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters)