É tido por sophós, “hábil”, quem quer que testemunhe de uma maestria excepcional, domine seu material, sua língua, seus conhecimentos, os outros e ele mesmo. O mestre artesão, o poeta, o legislador, o “sábio” são figuras sucessivas do sophós; este deslocamento, referido por Aristóteles, coincide com o desenvolvimento da civilização e se dá conta da evolução do termo sophia. Formado a partir do adjetivo, a sophiá designa a certeza, o domínio, a qualidade da execução ou do discernimento, a arte de submeter o múltiplo ao uno: a valorização é, mais que o conteúdo, essencial à noção. Eis porque a sophia, “sabedoria”, é uma arete, “excelência”, da alma (será uma das quatro virtudes cardiais) e porque sophos encarnará, sobretudo nos estoicos, um ideal de perfeição, de infalibilidade, uma norma divina de conduta e de pensar. (Les Notions philosophiques)