Tratado 19 (I, 2) – Sobre as virtudes

Plotin Traités 7-21. Dir. Trad. Luc Brisson e Jean-François Pradeau. GF-Flammarion, 2003.


Na filosofia grega da Antiguidade, o discurso sobre as virtudes constitui a questão fundamental de toda ética: o leitor do tratado 19, pode portanto naturalmente esperar abordar aqui um tratado de caráter ético. E é efetivamente o caso. Mas a ética de Plotino tem algo de desconcertante para o leitor de nossos dias: a única atividade ética que Plotino admite nada mais é que a busca contínua pela alma da união com o divino. Eis porque nem em seu aspecto teórico, nem mesmo sobre o plano prático não se trata de uma ética voltada para a relação do eu com o outro. No mais, constata-se muito rapidamente lendo Plotino que, à diferença disto que descobre frequentemente o leitor dos tratados éticos de Aristóteles, o tratamento das questões éticas não tem por assim dizer nada de descritivo: a ética é indissociável da dialética (ver Tratado-20), por um lado, e da estrutura metafísica do mundo plotiniano, por outro lado. É pela virtude que se manifesta toda a excelência cuja alma é capaz: deve-se portanto partir do que fundamentalmente caracteriza esta, quer se trate da alma do universo quer das almas individuais. Ora, a alma é uma realidade que Plotino ele mesmo diz “anfíbia”, quer dizer ao mesmo tempo voltada para as realidade do Alto (e portanto para o Intelecto, onde ela encontra sua origem) e para o mundo de Baixo (o mundo sensível, as coisas corporais, que ela anima e da qual cuida). Para Plotino, a virtude consiste na atividade da alma que chega a se destacar do que é corporal para se voltar para o mundo do Intelecto, até aí se encontrar absorvida e se identificar plenamente a ele. Pode-se dizer que todo este tratado consiste em afirmar o caráter intelectual da alma e a tirar as consequências desta afirmação.


A seguir versões em inglês, francês e espanhol do tratado. Para uma apresentação mais detalhada do tratado, por parágrafo ou capítulo, com comentários visite Eneada-I-2.

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