Plotino – Tratado 53,12 (I, 1, 12) — Isso que somos e isso que somos responsáveis (3)

traduzindo MacKenna

12. Mas se a Alma é sem pecado, como podem haver expiações? Aqui certamente há uma contradição; por um lado a Alma está acima de toda culpa; por outro, ouvimos de seu pecado, sua purificação, sua expiação; está condenada ao mundo inferior, passa de corpo em corpo.

Podemos qualquer visão a vontade: elas são facilmente reconciliáveis.

Quando falamos da Alma sem pecado, fazemos Alma e Alma-Essencial uma única coisa: é a simples Unidade indivisível.

Por Alma sujeita ao pecado indicamos um agrupamento, incluímos aquela outra, aquela fase da Alma que conhece todos os estados e paixões: a Alma no sentido de composto, toda inclusiva: cai sob as condições da experiência vivida integral: este componente é o que peca; é isto, e não o outro, que paga penalidades.

É neste sentido que lemos da Alma: “Nós a vimos como aqueles outros viram o deus do mar Glaucos”. “E”, lemos ainda, “se queremos discernir a natureza da Alma devemos despi-la de tudo que juntou a ela, devemos aprofundar na filosofia dela, examinar com que Existências ela tocou e por afinidade com quais Existências é o que é”.

Assim a Vida é uma coisa, o Ato é outra e o Expiador outra ainda. O retiro e separação, então, não deve ser somente deste corpo, mas de todo agregado estranho. Tal agregado tem lugar no nascimento; ou melhor o nascimento é vir a ser desta outra fase (inferior) da Alma. Pois o sentido do nascimento foi indicado em outra parte; se dá pela descida da Alma, algo sendo abandonado pela Alma ao invés de realmente descer em descaimento.

Então a Alma deixou esta imagem cair? E este descaimento não é certamente pecado?

Se o descaimento não é mais que a iluminação de um objeto abaixo, ele não constitui pecado: a sombra deve ser atribuída não a luminária mas ao objeto iluminado; se o objeto não estivesse lá, a luz não causaria sombra.

E a Alma é dita descer, declinar, somente no sentido que objeto que ela ilumina vive por sua vida. E ela deixa a imagem cair somente se não há nada próximo para levantá-la; e ela deixa cair, não como uma coisa seccionada, mas como uma coisa que deixa de ser: a imagem não tem mais ser quando toda a Alma está mirando o Supremo.

O poeta, também, na história de Hércules, parece ter dado a esta imagem, existência separada; ele põe a sombra de Hércules no mundo inferior e Hércules ele mesmo entre os deuses: tratando o herói como existindo em dois reinos ao mesmo tempo, ele nos dá um Hércules duplo.

Não é difícil explicar esta distinção. Hércules era um heróis de virtude prática. Por sua serventia ele foi digno de ser um Deus. Por outro lado, seu mérito foi ação e não Contemplação o que poderia colocá-lo sem reservas no reino superior. Portanto enquanto ele era posto acima, algo nele permanecia abaixo.

Igal

Bouillet

Bréhier

Guthrie

MacKenna

  1. Platón, Timeo, 69 c 7-d 1.[]
  2. En el sentido explicado supra, n. 3.[]
  3. Como se ve por la referencia a platón (República 611 b 5-7), aquí «el compuesto» no es el compuesto animal de 7, 1-6, sino el alma como compuesta (supra, n. 3). La teoría del pecado aquí propuesta dista mucho de ser satisfactoria (cf. la crítica de proclo, In Timaeum Diehl, III, pág. 334), sobre todo si se tiene en cuenta que, según Plotino, el albedrío reside en la inteligencia y en el alma racional (VI 8, 3-6). Resulta, pues, que, paradójicamente, donde hay albedrío, no hay pecado, y donde hay pecado, no hay albedrío. Además, propiamente, la misma alma «pasional» (= la imagen del alma) es una forma impasible (III 6, 4, 30-52). Entonces, ¿cómo puede pecar y cómo puede sufrir castigo?[]
  4. Cita de a República 611 c 7-d 1.[]
  5. Ibid. 611 e-612 a.[]
  6. La imagen del alma «deja de existir» no por aniquilamiento, sino por retracción, reabsorbida por el alma real de la que es un destello. Cf 10, 11-12: «una vez que ésta (= el alma real) se haya apartado del todo, también la que es un destello de ella se marcha en su compañía». Cf. IV 4, 29, 50-52 y IV 5, 7, 55-62.[]
  7. Alusión a la Odisea XI 601-603. Cf. Plotino, IV 3, 27, 7-14; 32, 24-27, y J. Pépin, «Heracles et son reflet dans le néoplato-nisme», en Le Néoplatonisme, París, 1971, págs. 167-192.[]
  8. La «cívica» del tratado 1, 2. Cf. supra, n. 39.[]
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