Enéada I, 6 — Sobre o belo

PLOTIN, Traités 1-6. Paris: GF Flammarion, 2002, p. 237-239

Plano detalhado do tratado segundo seu recente tradutor para o francês, Jérôme Laurent:

Capítulo 1: Que espécies de coisas são belas; crítica da definição estoica da beleza.
1-11. Relembrando o Hípias maior e o Banquete.
12-20. Os corpos não são belos por si mesmos, mas por participação (methexis) a uma Forma (eidos).
21-25. Relembrando a tese estoica sobre o belo.
25-30. Consequências absurdas da definição do belo pela proporção (symmetria).
31-49. Contra-exemplos (a): há belezas não compostas (synthesis): a luz do sol, o ouro, o relâmpago, os astros; (b): há realidades proporcionais que são más e feias.
49-50. Anuncio da beleza própria ao Intelecto (noûs).

Capítulo 2: Afinidade entre o papel embelezador da Forma (eidos) e a atividade da alma.
1-4. Recepção da beleza pela alma.
5-6. Recusa da feiura.
7-11. A alma se recorda dela mesma.
11-22. Beleza da Forma (eidos); feiura do informe.
22-27. A Forma (eidos) embeleza o todo e suas partes.
27-28. Conclusão: a beleza dos corpos vem de uma “razão divina”?.

Capítulo 3: Exame das belezas sensíveis.
1-5. Reconhecimento da beleza pela alma.
6-16. Acordo entre a Forma (eidos) interior e a exterior.
17-19. Beleza da cor e da luz.
20-28. Relação do fogo e de outros elementos; beleza do fogo.
28-31. As harmonias invisíveis e os sons.
31-36. Conclusão: a razão dá uma medida às coisas sensíveis que, no entanto, são apenas “imagens e sombras”

Capítulo 4: Afetos ligados ao encontro do belo.
1-4. É necessário que a alma negligencie as sensações.
4-12. Só o encontro efetivo das belezas (corporais ou incorporais) permite que disto se fale.
12-17. Estupor e distúrbio ligados ao encontro das belezas incorporais; o pavor do belo.
17-22. Estes efeitos correspondem ao estímulo dos desejos e do amor.

Capítulo 5: A realidade da beleza pensada a partir de seu contrário, A feiura.
1-8. Questões postas aos amantes sobre seus “êxtases báquicos”.
8-17. Não são nem os contornos nem as cores, mas a virtude (arete) que embeleza a alma.
17-20. Evidencia da consistência ontológica das belezas incorporais.
20-22. Retomas da questão: o que torna a alma bela?
22-54. Argumento a contrario: de onde vem a feiura da alma.
54-58. Conclusão: a alma deve se destacar do corpo.

Capítulo 6: A purificação da alma.
1-6. Um “antigo discurso”: a virtude (arete) é uma purificação (Fédon, 69c).
7-13. Definição de quatro virtudes (arete): a temperança, a coragem, a grandeza d’alma e a reflexão.
13-18. Consequência da purificação: a alma não é mais que “Forma (eidos) e razão”.
19-22. É do deus que vem a beleza, e da matéria que vem a feiura.
23-27. Nova questão: quais são as relações do belo, do bem e do Intelecto (noûs)?
27-32. Conclusão: a ação embelezadora da alma.

Capítulo 7: A visão bem-aventurada: união da alma ao belo e ao bem.
1-9. Ascensão para o bem que a alma deseja.
9-21. O êxtase: encontro “a sós” da alma e da “causa universal”.
21-24. Encontro do “belo ele mesmo” (Banquete, 211e).
25-30. Relações do princípio primeiro e das outras realidades.
30-33. O último combate e a visão bem-aventurada.
34-39. Conclusão: o homem deve abandonar tudo para ser feliz.

Capítulo 8: A fuga para o “aqui em baixo”: Ulisses e Narciso.
1-3. Como o profano pode ver esta “beleza imensa”?
3-8. É necessário fugir das imagens corporais para os modelos inteligíveis.
8-16. Alusão ao mito de Narciso: a alma também pode se perder.
17-20. Figura de Ulisses recusando os charmes de Circe e Calipso.
21. Nossa pátria é o mundo inteligível.
22-27. A fuga é “transformar” a visão exterior em visão interior.

Capítulo 9: A alma torna-se integralmente luz.
1-7. A educação do olhar.
7-15. Conversão e purificação: comparação com o trabalho do escultor.
15-25. A unificação interior: a alma é apenas pura luz.
25-34. O olho deve se purificar; identidade entre o vidente e o visto.
34-43. Conclusão do tratado: as Ideias são realidades verdadeiramente belas; o bem está além do belo.