Alexandre de Afrodísias: escolha?

SHARPIES, R.W.. Alexander of Aphrodisias – On Fate. London: Duckworth, 1983, p. 57-58

XII. Deliberar é eliminado de acordo com eles, como foi mostrado em, e tão claramente é o que depende de nós. Pois é isso que todos aqueles que não estão defendendo alguma posição aceitam como dependendo de nós – aquilo sobre o qual temos controle, tanto para fazê-lo quanto para não fazê-lo, não seguindo algumas causas que nos cercam do lado de fora ou cedendo a elas [e seguindo] da maneira pela qual elas nos levam. E a escolha, a atividade peculiar do homem, diz respeito às mesmas coisas; pois a escolha é o impulso do desejo em relação ao que foi preferido como resultado da deliberação. E por esse motivo, a escolha não se aplica às coisas que passam a ser necessariamente, nem àqueles que o fazem, não necessariamente, mas não através de nós, nem mesmo no caso de todas as coisas que o fazem através de nós; mas no caso daquelas coisas que passam por nós, sobre as quais temos controle, tanto para fazer quanto para não fazê-las.

Para a pessoa que delibera sobre algo (i) delibera se deve ou não fazê-lo, ou (ii) pergunta seriamente por que meios pode obter algum bem; e se em suas perguntas encontrar algo impossível, deixa isso de lado e, similarmente, deixa de lado as coisas que são possíveis, mas não dependem de si, mas persiste em sua pergunta a respeito do [fim] proposto, até que chegue algo do qual está convencido de que ele próprio tem o poder; e depois disso deixa de deliberar, uma vez que trouxe de volta a investigação àquilo que é o princípio das ações [isto é, ele mesmo; mas cf. Comentário], e começa a ação que conduz ao que é proposto. Mas sua investigação [no caso (ii)] também é realizada com base no pressuposto de que também tem o poder de fazer coisas opostas [ao que de fato faz]. Por se referir a cada uma das coisas que estão sob a deliberação, a pergunta do deliberador é ‘se esse ou seu oposto deve ser feito por mim’ – mesmo se disser que todas as coisas estão de acordo com o destino.

Pois a verdade [exibida] nas coisas que devem ser feitas refuta as opiniões errôneas a respeito delas; e como não é absurdo dizer que esse erro [re. de supor que eles têm o poder de fazer o oposto] é aquele que todos os homens em comum fizeram por natureza? Pois assumimos que temos esse poder nas ações, que podemos escolher o oposto, e não que tudo o que escolhemos tenha causas previamente estabelecidas, pelas quais não é possível não escolhermos; isso é suficientemente demonstrado também pelo arrependimento que geralmente ocorre em relação ao que foi escolhido. Pois são, alegando que era possível para nós também não ter escolhido e não ter feito isso que sentimos arrependimento e nos culparmos por nossa negligência na deliberação. Mas também, quando vemos outros não julgando bem as coisas que eles têm que fazer, nós também os censuramos por dar errado, e pensamos que essas pessoas deveriam fazer uso de consultores – com o argumento de que depende de nós chamar consultores para nós mesmos ou não e por conta da presença de tais pessoas, outras coisas também e não aquelas que nós [de fato] fazemos.

É claro, por si só, que “o que depende de nós” [eph hemin] é aplicado às coisas sobre as quais temos o poder de escolher também as coisas opostas; [mas] isso também é adequadamente lembrado pelo que foi dito.