Eliasson: eph hemin – aquilo que depende de nós

ELIASSON, Erik. The Notion of That Which Depends On Us in Plotinus and Its Background. Leiden: Brill, 2008, p. 1-3

Este livro é uma investigação da noção de Plotinus de ἐφ’ ᾐμῖν (eph hemin), sua noção de “aquilo-que-depende-de-nós”. No grego antigo, essa terminologia ocorre em muitas formas diferentes de ἐπί + dativus personae, traduzidas de forma variável como variantes de ‘aquilo-que-depende-de-nós’, ‘aquilo que está ao nosso alcance’ ou ‘aquilo que cabe a nós’, ou mesmo ‘responsabilidade’ ou ‘liberdade’. A estratégia adotada neste estudo, então, é traduzir as ocorrências dessa terminologia nos textos antigos de maneira consistente e ainda não específica, e sugerir interpretações mais específicas ao analisar cada passagem. Portanto, o presente estudo adota traduções, em termos de variantes de ‘dependente de’, dado que elas parecem ser as que menos implicam interpretações muito específicas.

Dado o assunto, o foco natural talvez pareça estar inteiramente em Enéada VI.8, que tem o título dado por Porfírio de “Do voluntário e o desejo do Um”, mas que de fato lida principalmente e longamente com a noção de ἐφ’ ᾐμῖν. Plotino, no entanto, discute a noção em outros tratados também, notadamente em Do destino (III. I); Dos números (VI.6); Do bem-estar (I.4 § 4) e Da providência I (III.2). Assim, embora um forte foco seja o VI.8, todas as ocorrências nos outros tratados serão analisadas também.


A noção de ἐφ’ ᾐμῖν, estudada aqui em Plotino, já tinha uma longa história na filosofia antiga antes de seu tempo. Além disso, esse é o caso de várias outras noções relacionadas que figuram nas Enéadas e que eram centrais na filosofia de ação antiga. No tempo de Plotino, eles não apenas faziam parte da terminologia filosófica comum, mas alguns deles também adquiriram um status tópico próprio dentro da filosofia.

Isso talvez seja mais claramente demonstrado pela quantidade de títulos de obras existentes ou registradas, mas perdidas, produzidas durante os períodos helenístico, imperial e tardio da antiguidade que continham essas noções. Assim, poderia ser útil, a fim de dar uma ideia geral do contexto dos escritos sobre τὸ ἐφ’ ᾐμῖν na filosofia antiga, delinear brevemente não apenas a tradição dos escritos sobre τὸ ἐφ’ ᾐμῖν precedendo Plotino, mas também alguns daqueles lidando com noções e questões que, embora distintas da questão de τὸ ἐφ’ ᾐμῖν, de várias maneiras faziam parte do contexto dos escritos sobre τὸ ἐφ’ ᾐμῖν.

A terminologia relacionada ainda distinta de ‘aquilo que depende de nós’ (τὸ ἐφ’ ᾐμῖν, em nostra potestate) que descreverei abaixo é então: autodeterminação (tὸ αυτεξούσιον, liberum arbitrium), destino (εἱμαρμένη, fatum), acaso (τύχη, fortuna), providência (πρόνοια, providentia), pré-conhecimento (πρόγνωσις) e adivinhação ou profecia (μαντική, divinatio).

,