anamnesis

anámnêsis: memória, recordação

A aceitação, por parte de Platão, da teoria pitagórica da metensomatose (ver palingenesia, psyche) dá oportunidade para a resolução de um sério problema epistemológico, i. e., como se conhecem as realidades imutáveis já formuladas por Sócrates como definições éticas e em via de se tornarem os eide platônicos, particularmente se o conhecimento dos sentidos (ver doxa) é tão claramente pouco digno de confiança? Haverá soluções posteriores, como eros e dialektike, mas inicialmente é a anamnesis que garante este conhecimento. No Ménon 80e-86c Sócrates ilustrara a possibilidade de, por meio de diagramas (estes reaparecerão na Republica 510d; ver dianoia, mathematika) e interrogatório apropriado, trazer à superfície o conhecimento de objetos incapazes de serem percepcionados pelos sentidos; no Fédon 72e-77a este é oferecido como prova da preexistência da alma e ligada à doutrina dos eide. Temos conhecimento dos eide que não podemos ter adquirido através dos sentidos, por conseguinte devem ter sido adquiridos num estado pré-natal durante o qual estivemos em contato com as formas. A teoria aparece uma vez mais num contexto mítico e religioso no Fedro 249b-c, e pelo menos implicitamente na visão concedida às almas antes do nascimento destas no Timeu 41e-42b (confrontar a visão no Fedro 247c-248b, e a dificuldade em recordá-la, ibid. 249e-250d); ver eidos. (Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters)


anámnesis (he): reminiscência, anamnese.

Num famoso trecho do Mênon (82a-86c), Sócrates, interrogando habilmente um jovem escravo ignorante, consegue fazê-lo chegar ao princípio pitagórico da duplicação do quadrado. Conclui daí que “a verdade existe desde sempre em nossa alma” (86b). Finalmente, “todo saber é reminiscência” (81d); no Fédon (72e-78a), isso possibilita um argumento a favor da imortalidade da alma. Teoria adotada por Plotino (IV, 111,25: V, IX, 5). (Gobry)

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