Excerto de BARBUY, Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 89
A verdade mítica da Água em Thales, como princípio úmido do qual tudo se nutre e cresce, essa Água que leva o ser nascente no ventre materno, supõe como fecundidade, o casamento de Okéanos e Thetys, do qual nasceu toda geração. Essa Água mítica é a Physis, mas essa Physis, segundo Thales é o princípio condutor da potência divina que a percorre toda inteira. A Physis é uma Noite dilacerada e fecundada pelo clarão da luz divina.
E pois que os gregos não tinham esperado ainda o espírito e a natureza e que a natureza era verdadeiramente o sagrado em que se manifesta e opera a potência divina, eles contemplavam a realidade ora na Physis, ora no Divino. Dois princípios que se fundem, se separam e se reúnem na mitologia grega, mas que nunca a abandonam.