Categoria: Eudoro de Sousa

  • Física, primeira filosofia

    A Física (que certamente começou além dela, numa metafísica com traços semelhantes aos de determinados mitos teocosmogônicos) é a primeira filosofia que a religião grega veio a ser. Por conseguinte, a mitologia grega é a mitologia emergente de uma religião, a cuja essência pertence o vir a ser, em primeiro lugar, uma física (ou melhor:…

  • Religião grega, matriz da mitologia e da filosofia

    A religião grega, aqui, suposta matriz da mitologia e da filosofia, constitui-se, pois, como uma religião que, toda ela, se oculta em sua progênie. Dir-se-ia até que o próprio ser da religião grega reside nesse mesmo ocultar-se em sua descendência. E, inversamente, na Grécia, a mitologia e a filosofia não emergem à luz do sol…

  • Filosofia Grega e Consciência Religiosa

    Que a filosofia grega nos pode aparecer como forma sui generis da consciência religiosa, inclusive, como pretendendo substituí-la, é o que se nos mostra em vários momentos da sua história, em especial, no princípio e no fim, se é que, a propósito de «filosofia grega», ainda se pode falar de um fim ou de um…

  • Mitologia Grega

    A mitologia grega, originalmente mitologia que emerge da religião grega, não seria qualquer mitologia, mitologia num conceito demasiado abrangente, mas tão-só aquela que a religião dos gregos podia gerar, e outro tanto se diga da filosofia grega, a qual, como filosofia emergente da religião, não seria qualquer filosofia, pura e simplesmente filosofia, mas só aquela…

  • Primórdios da Religião Grega

    Se a religião grega, considerada em si mesma, ou recolocada em sua ambiência mediterrânea, tem uma história, essa parece situar-se entre uma Fulgurância que desvela o mundo, todo ele, ou o que ele contém de mais valioso, como proveniente e resultante de um deicídio primordial, cuja projeção antropológica se encontraria no regime de vida dos…

  • Fim do paganismo clássico

    Na antiga Grécia e no mundo helenizado, exceptuadas as vozes discordantes que muitos escutaram sem ouvi-las, o «velho» e o «novo» convivem pacificamente e sem suscitar os problemas que só a alguns de nós atormentam ou, pelo menos, inquietam. Pois, no intuito de procurar saber o que se dava numa situação intermédia, sempre convém avaliar…

  • Anaxágoras — Fragmento 3

    3. Do que é pequeno, não existe o mínimo, mas sempre um menor. Pois o que é não pode deixar de ser (por divisão). Também do grande há sempre um maior, tal (como se dá com) o pequeno, e ao pequeno é igual em quantidade. E em si mesma, cada (coisa) tanto é grande como…

  • Anaxágoras — Fragmento 1

    1. (No princípio) todas as coisas eram juntas, infinitas em número e infinitas em pequenez. Pois também a pequenez era infinita. E enquanto as coisas juntas permaneciam, nenhuma era claramente reconhecível, de diminuta que era. Pois o ar e o éter, os mais poderosos (mégista) constituintes do todo, quer em número, quer em extensão. (Eudoro…

  • Heráclito: Fragmentos

    Para Heráclito, o lugar predileto da história é o do adversário inominado, a quem Parmênides se oporia, expressis verbis, no frg. 6. Porém, o mais que desses versos se infere é que eles poderiam referir-se a Heráclito (Mansfeld, cap. i), se demonstrável fosse, mediante provas internas ou externas, que Heráclito cronologicamente precedeu Parmênides, e ainda,…

  • Eudoro de Sousa: Ser

    71. Se «o que é dizer» é «dizer o que é», e do que é, nada mais há a dizer, senão «que é», pois tudo o mais que dele se diga implica o dizer que não é, o que se dá no limite é a indizibilidade do Ser, ou, valendo o mesmo, a indiferença de…