Aritmética e música, número e harmonia são inseparáveis uns dos outros e neles se encontra a chave da verdadeira compreensão do concerto do mundo. Nascida de simpatias, a música engendra as consonâncias que, transcendendo os intervalos que separam os indivíduos uns dos outros, lhes permitem ressoar entre si e simbolizar com o que os cerca, em relação aos quais são como uma nota na escala. O número exprime, pois, as relações do Tempo e dos tempos, do Espaço e dos espaços, do Corpo e dos corpos; traduz a divisão dão Unidade e os diferentes andamentos dos itinerários que reconduzem à Fonte. O número é simultaneamente a presença e a distância das coisas, dos seres e do mundo; traz em si algo da dilaceração de Dionisos-Zagreus e a alusão harmônica à reconciliação que a magia de Orfeu fazia brotar. (Jean Brun, “Pré-Socráticos”)