Em Homero (Odisséia XVII, 382), o termo, um composto formado a partir de demos, “povo”, e de ergon, “obra”, se aplica ao conjunto daqueles que realizam um “serviço público”: adivinho, médico, carpinteiro, aedo, etc. Dando ao artesão do universo (macrocosmo) e do homem (microcosmo) no Timeu o nome de demiurgo, Platão tem em conta todo este sentido tradicional. [Notions philosophiques]
demiourgós (ho) / demiourgos: artífice, demiurgo. Latim: faber; creator.
O operário divino que modela o mundo a partir da matéria primitiva.
Essa palavra é composta de démios / demios, plebeu, popular, e de érgon / ergon, obra, trabalho. O primeiro sentido de demiourgós é: operário, artífice, fabricante. Foi Platão que lhe deu um sentido filosófico.
Encontramos já na República menção a esse operário divino que organizou os movimentos celestes (VII, 530a) e nos deu os órgãos dos sentidos (VI, 507c). Mas é no Timeu que o vemos em ação: com os olhos fixos nos Paradigmas eternos, ele modela o mundo à sua imagem (28a-29b). Para Plotino, a organização do mundo tem duas causas: o demiurgo e a alma do mundo (IV, IV, 10). Para Hermes Trismegisto, o demiurgo cria o mundo com sua palavra, ou seja, com sua vontade (IV, 1); essa insistência na vontade já estava em Plotino (IV, IV, 12). [Gobry]