Filebo 52c-53c — Análise da noção de pureza

XXXII- Sócrates – Depois de separar satisfatoriamente os prazeres puros dos que, com toda a justiça, poderíamos denominar impuros, acrescentemos em nossa explicação que os prazeres violentos são imoderados, e os não-violentos, equilibrados em tudo; e também que os grandes e fortes, ou sejam de manifestações espaçadas e frequentes, se incluem no gênero do infinito, com ação mais ou menos intensa no corpo ou na alma, enquanto os outros pertencem à classe do finito.

Protarco – É muito certo o que dizes, Sócrates.

Sócrates – A respeito de prazeres, ainda falta considerar uma questão.

Protarco – Qual?

Sócrates – O que diremos que está mais próximo da verdade: o puro e se mistura, ou o violento, múltiplo, grande e suficiente?

Protarco – Onde queres chegar, Sócrates, como essa pergunta?

Sócrates – É que não quero esquecer-me de nada, Protarco, neste exame do prazer e do conhecimento, para sabermos o que há de puro ou de impuro em qualquer deles, a fim de que ambos se apresentem puros ante nosso juízo, facilitando, assim, o julgamento, a mim e a ti e a todos os presentes.

Protarco – É justo.

Sócrates – E agora, procedamos da seguinte maneira com tudo o que denominamos gênero puro: escolhamos um, para melhor examiná-lo.

Protarco – E qual escolheremos?

Sócrates – Caso queiras, principiemos pelo gênero da brancura.

Protarco – Perfeitamente.

Sócrates – Como é e em que consiste a pureza da brancura? Na grandeza,? Na quantidade? Ou no que é isento de qualquer mistura e não revela a presença da menor parcela de outra cor?

Protarco – Evidentemente, a que não tem mistura alguma.

Sócrates – Muito bem. Então, Protarco, afirmaremos que esse branco puro é mais branco e também mais belo e verdadeiro do que bastante branco misturado, só falaremos verdade?

Protarco –Sem dúvida nenhuma.

Sócrates – E então? Não temos necessidade de muitos exemplos para ilustrar nossa análise do prazer; basta-nos compreender que todo prazer estreme de dor, por menor e mais raro que seja, é mais agradável, belo e verdadeiro do que os frequentes e grande.

Protarco – É certo; basta esse exemplo.