Hades (Kingsley)

Sobre a sabedoria do deus dos Infernos, Hades, ver a etimologia de seu nome no Crátilo (403b-404b): é por desejo de continuar a entender os discursos do “deus que sabe” que os mortos permanecem mortos, no pensamento que que eles se tornarão melhores e porque eles aspiram à virtude! Hades o “filósofo” não frequenta senão aqueles que purificaram sua alma do que os corpo implica de males. Desde o Crátilo, a morte é uma purificação que torna a alma sensível aos sábios raciocínios de Hades. Quanto aos homens que Sócrates espera reencontrar no Hades, a Apologia (41a) cita Orfeu, Museu, Hesíodo e Homero.


Há a antiga ideia homérica do Hades dominando um reino nebuloso e escuro. Isto eventualmente veio a formar a base para a interpretação alegórica de Hades como representando a região obscura de aer ao redor, assim como sob, a terra. Mas que relevância poderia isto ter para Empédocles? A resposta deve ser apontada para a interpretação neoplatônica de suas Purificações. De acordo com aquela interpretação, a “caverna sobrecoberta” que Empédocles descreve almas caídas como descendo não é uma caverna literal mas um símbolo do mundo que vivemos. Quanto à região tradicional do submundo, de acordo com a mesma interpretação ela foi transferida por Empédocles para a superfície da terra e o ar imediatamente ao nosso redor. Aplicado ao poema cosmológico de Empédocles, isto parece justificar equacionar seu elemento de ar com Hades: “Hades ele colocou no reino do ar”. [Peter Kingsley, Ancient Philosophy]