A dialética (dialektike) foi transformada por Platão num método filosófico superior, embora tenha pensado nela de maneiras diferentes. Neste trabalho, entendemos que constituí uma ascensão progressiva que se dá através de hypotheseis, que devem ser rejeitadas para se possa remontar a um princípio:
“Uma coisa, pelo menos, continuei, ninguém nos contestará: a afirmativa de que não há outro caminho para investigar sistematicamente as coisas. […] o método dialético é o único que rejeita as hipóteses para atingir diretamente o princípio e consolidar suas conclusões, e que puxa brandamente o olho da alma do lamaçal bárbaro em que vivia atolado, a fim de dirigi-lo para cima […]” (A República, Livro VII, 533b-d)
Em Aristóteles se perde o sentido “purificador” do exercício dialético, se tornando uma discussão afim de alcançar a verdade tendo como ponto de partida assertivas problemáticas. É Plotino quem reitera o caráter catársico da dialektike ao afirmar que se trata de um método para ir ao Bem (agathon) inteligível partindo da beleza do sensível. Assim, a ascensão dialética, cujos modos de conhecimento da psyche (eikasia, pistis, dianoia e noesis) resultam na episteme, é um descobrir, por debaixo do mobilismo, do relativismo, do múltiplo (dimensões onde os sofistas transitam) uma unidade onde essa multiplicidade encontre sua razão de ser.