homoíôsis: assimilação (a Deus)
Originariamente uma ideia pitagórica (ver Jâmblico, Vita Pyth. 137), a assimilação a Deus foi adotada mais tarde por Sócrates e Platão como descritiva do fim da filosofia (Estobeu, Ecl. II, 7, p. 49 e Teeteto 176a). A noção também era corrente entre os peripatéticos (ver Cícero, De fin. V, 4, 11; Juliano, Orat. VI, 185a; e o famoso apelo para nos tornarmos imortais na Ethica Nichomacos 1177b. É fulcral em Plotino, Enéadas I, 6, 6. Para as suas origens filosóficas, ver psyche, homoios, harmonia. (Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters)
homoíôsis: assimilação (a Deus); hómoios: igual, semelhante.
Não deve surpreender o fato de encontrarmos aqui Pitágoras, que era adepto do orfismo. Segundo esse mestre, “a filosofia é uma assimilação a Deus”: homoíosis théou (Estobeu, Écl. VI, 3; Plutarco, De superstitione, 9; Jâmblico, Vida de Pitágoras, 86). Platão, que durante vários anos foi aluno dos pitagóricos, adota também esse ensinamento; a alma, aliás, é a priori semelhante às Essências (eíde), princípio eterno e perfeito; portanto, como elas, é divina, imortal, inteligente e indissolúvel (Fédon, 80a); foi a queda que, provocando a união a um corpo, a privou de suas prerrogativas; somente retornando a esse princípio, graças à dialética, é que ela caminha “para aquilo que lhe é semelhante”: eis tò hómoion (ibid., 81a). E a evasão (phygé) deste mundo; “e a fuga é a assimilação com Deus” (Teeteto, 176b). Plotino, por sua vez, mostrou como a alma se torna semelhante a Deus por meio da virtude (I, II, 2-3), graças ao Bem e à Beleza (I,VI, 5-9). (Gobry)