Espírito/intelecto/nus
I. No período pré-platônico: em Homero, o conceito de noos atua como princípio da ação correta, apropriada à situação. Ao contrário da deliberação, que se move entre duas alternativas (diandicha mermêrizein), o noos apreende imediatamente a situação ou a reação adequada ou o plano correto. Um nus altamente desenvolvido como o de Odisseu pode se tomar característica especial de uma pessoa que sabe conduzir sua vida rumo ao êxito (Homero, Odisseia 13,255).
Na filosofia grega inicial, somaram-se outros aspectos. Parmênides tematizou o nus como o único modo de conhecimento humano capaz de verdade, o qual deve sempre se referir, e até mesmo ser idêntico, ao ser da coisa conhecida. Por fim, para além da faculdade humana, também se desenvolve uma compreensão cosmológica do nus. Embora, em geral, não sejam terminologicamente designados como nus, há em alguns pré-socráticos princípios de ordem cósmicos ativos: “justo” (dikê) e “razão” (logos) em Heráclito, igualmente dikê em Parmênides, “amor” (philia) em Empédocles e nus em Anaxágoras. Eles não apenas implicam máximas de uma formação cósmica específica, mas também são qualitativa e fundamentalmente separados da esfera formada por eles. [SCHÄFER]