kósmos noêtós: universo inteligível
1. Um dos problemas decorrentes da teoria platônica das Formas é o da sua localização. Platão é categórico em que os eide não existem em parte alguma (Symp. 211a; confrontar Aristóteles, Physica III, 203a). Há, contudo, outros passos que indicam que eles têm de fato uma «localização» num sentido mais lato do termo (República 508c, 507b; Fedro, 247c-e). A linguagem figurativa do Timeu força-o a ser mais explícito; a sua teoria da mimesis sugere um modelo do qual o universo visível (kosmos aisthetos) é uma imagem (eikon), Timeu 30c-d. Este é o universo inteligível que «contém» os principais grupos dos eide (loc. cit.; ver zoon). «Contém» é uma palavra difícil, pois não é de modo algum clara a forma como Platão viu os agrupamentos superiores dos eide (ver o principal texto paralelo, Soph. 253d; mas aqui o contexto é dialéctico).
2. O kosmos inteligível reaparece em Fílon, mas com duas grandes diferenças; os eide de Platão eram eternos, os de Fílon eram criados (De opif. 4, 16), e são englobados, como um kosmos noetos total, na mente divina, ibid. 4, 17-20 (ver eidos), este é um dos significados do Logos de Fílon. O Logos de Fílon transforma-se no nous de Plotino que engloba em si todos os noeta como objetos do seu pensamento (Enéadas IV, 2, 21). [Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters]