Enquanto o Uno, embora dele derive tudo, não sai dele mesmo e não se volta em direção ao que engendra, enquanto a Inteligência, em quem se encontram os princípios dos seres, a saber todo inteligível, não deixa o mundo do Alto, o ekei, a Alma do Mundo é a intermediária entre o mundo superior e o mundo sensível. Este último compreende por um lado seu mais alto grau, o céu astral, e por outro o mundo de baixo onde vivemos. Ela olha portanto ao mesmo tempo para o alto do qual procede e para o baixo que ela anima, por intermédio das almas particulares, ao mesmo tempo unidas a ela e tendo sua individualidade. Mas ela não deixa o mundo superior.
A Alma do Mundo é constituída interiormente por sua relação com o Inteligível: sua relação com o que está fora dele resta exterior. Ela é semelhante à Inteligência donde ela vem: embora dissemelhante ao que está em baixo, ele se torna no entanto semelhante por sua ação e por sua criação, pois sua ação contempla e sua criação produz formas (eide), como pensamento aperfeiçoados, pondo sobre tudo traços do pensamento e da Inteligência que procedem segundo o arquétipo que é a Inteligência: elas imitam a Inteligência no mais alto grau quando elas lhe são próximas e em caso contrário não guardam senão uma imagem obscura (Eneada-V, 3, 7). (HCOP)