O Uno-Bem é qualificado de simples em numerosas passagens onde se pode ler frequentemente as afirmações que precedem. Não se repete tão frequentemente que o Uno é incorporal, mas isso se deduz diretamente da simplicidade e de que as realidades sensíveis são postas no último nível dos seres (Eneada-VI, 7, 42).

À simplicidade do Uno estão ligadas sua pureza e a inexistência de toda mistura nele: as categorias de quantidade e de qualidade não poderiam aí se aplicar. Enfim ele se basta a si mesmo. É com a inteligência pura que se deve contemplar o Puríssimo. Não há nem grandeza, nem figura, nem massa, nem qualquer das qualidades sensíveis e aquele que quer chegar até o Uno deve fazer abstração da sensação. O que é na Inteligência é puro, mas «ainda mais puros e mais simples são as realidades que são antes dela, bem o que é antes dela». Se a Inteligência é um ser o Uno não é um ser, «pois o ser tem como uma forma (morphe), aquela do ser, mas ele é sem forma, sem mesmo uma forma inteligível». Com efeito as formas, como as ideias ou as «razões» (logoi), são estes inteligíveis que contém a Inteligência e que constituem seu objeto. Ora se o Uno os engendra, não é nenhum deles: «Ele não é algo, não tem nem qualidade, nem quantidade, não é a Inteligência nem a Alma: não está nem em movimento nem em repouso, nem no lugar nem no tempo, mas é segundo ele mesmo (kath auto) com um forma única, ou ainda melhor sem forma (aneideon), sendo antes de toda forma (eidos), antes do movimento, antes do repouso, pois tudo isso está no ser e o faz múltiplo». No sentido da « forma inteligível » morphe que Plotino acaba de empregar e eidos que emprega agora parecem bem equivalentes e corresponder em certa medida às ideias platônicas. Estar em movimento ou em repouso é um acidente que retira a simplicidade. E Plotino chega a escrever que quando se diz que o Uno é causa não se lhe atribui um acidente, mas é para nós que se atribui aquele de ser efeito. Ser nossa causa não afeta, mas nos afeta (Eneada-VI, 9, 3).